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Universidade de Coimbra quer abandonar exames em papel

16 dez, 2022 - 09:41 • Lusa com redação

Projeto-piloto das provas digitais arranca na próxima época de exames.

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A Universidade de Coimbra vai avançar, na próxima época de exames, com um projeto-piloto de exames digitais sem recurso a papel. O objetivo é alargar a iniciativa a toda a academia no próximo ano letivo.

O reitor da Universidade de Coimbra (UC), Amílcar Falcão, que está a terminar o primeiro mandato, explica que, na próxima época de avaliação, a universidade já vai ter “em fase piloto exames com recurso a um sistema informático".

Segundo este responsável, a UC desenvolveu um "software" próprio, que permite ao professor fazer o exame presencial "que quiser e configurar com imagens ou filmes", sendo possível correções automáticas e passagem por um "software" que deteta fraude.

"Temos um conjunto de ferramentas que permite, daqui para a frente, deixarmos de fazer exames em papel e ter este procedimento, para toda a universidade, presencial, sem papel e com recurso a ferramentas digitais", realçou.

Amílcar Falcão explicou que os exames não serão feitos nos computadores pessoais dos alunos, mas em "tablets" da Universidade de Coimbra, onde serão carregados os exames, com o "software" a permitir fazer a correção na plataforma e lançar as notas.

O reitor garante que o sistema “terá a mesma segurança que fazer um exame em papel" e que a UC está preparada para alargar a toda a instituição este tipo de exames já em 2023/24.

Amílcar Falcão considera que a UC tem de se adaptar e avançar com uma reforma da pedagogia, mas também da própria oferta pedagógica, com cursos mais interdisciplinares e currículos mais flexíveis, assim como oferta no ensino noturno e adaptada às necessidades da formação ao longo da vida.

O reitor constatou que há cursos de doutoramento e mestrados com poucos alunos, assim como cadeiras opcionais criadas também com pouca procura, mas que acabam por ocupar cargas horárias "relevantes" de professores.

"Temos de olhar à volta e perceber que não posso ter um curso de doutoramento a funcionar com três pessoas ou um mestrado com aulas que ocupam cargas horárias ainda relevantes e depois tenho seis alunos. Temos de saber adaptar a nossa oferta pedagógica à procura, ao mercado, às necessidades", defendeu.

O reitor da Universidade de Coimbra considerou ainda que se torna mais difícil às universidades adaptar a sua oferta pedagógica face à forma como é feita a acreditação, cujo processo "não é fácil, demora demasiado tempo, é demasiado burocrático" e não assegura autonomia às instituições de ensino superior. "Se crio um curso que é interdisciplinar, quando chega à A3ES [Agência de Avaliação e Acreditação], o painel de avaliação não é interdisciplinar e depois levanta problemas que são exóticos", apontou, considerando que, para além da demora, muitas das vezes "as decisões são arbitrárias" e travam "a inovação pedagógica" por parte das universidades.

"A autonomia universitária, neste campo, está muito condicionada", criticou.
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