22 dez, 2022 - 11:17 • Olímpia Mairos
Há idosos institucionalizados em lares que são vítimas de "bullying", sobretudo no inverno e na época de Natal. A conclusão é de um estudo desenvolvido por Ana Catarina Reis, investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), e incidiu sobre experiências em seis Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) do concelho de Viseu.
Segundo a investigadora, “as práticas de 'bullying' entre pessoas idosas institucionalizadas surgem frequentemente, e os agressores, por norma, são pessoas que apresentam superiores capacidades intelectuais e saúde psíquica e física, enquanto as vítimas possuem geralmente patologias do foro psíquico”.
Os comportamentos de "bullying" são mais frequentemente nos espaços comuns e contemplam agressão verbal, na sua grande maioria, e agressão física.
“A agressão verbal ocorre em diferentes situações envolvendo insultos, comentários desagradáveis, criticar, chamar determinados nomes, gozar e discriminar”, refere a investigadora, destacando que estas situações “possuem uma incidência considerável entre as pessoas idosas institucionalizadas e acontecem quando os agressores não compreendem e não toleram as patologias dos colegas, quando se sentem provocados pelas vítimas, ou quando não aceitam as suas histórias passadas”.
Já no que toca às agressões físicas, de menor incidência, são de vários tipos, como “empurrar, dar bengaladas, bater, e podem ocorrer em diversas situações, em que o agressor pode estar num quadro de demência, ou o agressor não possuir qualquer tipo de perturbações mentais”.
De acordo com o estudo, “são geralmente as auxiliares e as assistentes sociais das instituições que, perante atos agressivos, intervêm imediatamente, de modo a que tais comportamentos sejam eliminados e seja possível reestruturar um ambiente pacífico e acolhedor”.
“Para tal, optam por dialogar com os intervenientes, separando os envolvidos e/ou retirar um dos elementos do espaço em que se encontra. E quando os atos de bullying surgem na presença das colaboradoras, posteriormente comunicam o sucedido à assistente social da estrutura”, refere a investigadora.
Outras testemunhas, – refere também o estudo – “são ainda os residentes que observam estes comportamentos e que geralmente não intervêm, para não sofrerem represálias e para não serem as próximas vítimas”.
Segundo a investigadora Ana Catarina Reis, este estudo “permitiu constatar que é imprescindível investir em estratégias de prevenção, de intervenção e de correção que desincentivem comportamentos de bullying entre pessoas idosas institucionalizadas”.
A investigação foi desenvolvida no âmbito do mestrado em Serviço Social, sob orientação do docente da UTAD e diretor do mestrado, José Luís D’Almeida.