27 dez, 2022 - 12:09 • Lusa
A Ordem dos Enfermeiros (OE) recebeu no último ano 7.656 pedidos de escusa de responsabilidade de enfermeiros, por considerarem que está em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados por falta de profissionais, foi nesta terça-feira anunciado.
Os dados indicam que estes números de escusas são seis vezes superiores aos números de há um ano, altura em que tinham chegado à OE 1.300 declarações, adianta em comunicado a Ordem dos Enfermeiros, que contabiliza estes dados desde novembro de 2021.
Relativamente a agosto, quando foram divulgados os últimos dados (6.541), foram apresentadas mais 1.115 escusas, indicam os dados.
"Só na zona Centro, onde as escusas têm vindo a ser renovadas, são já mais de cinco mil as declarações apresentadas, sendo que a maioria corresponde a enfermeiros do Hospital de Leiria", salienta a OE.
A região Sul, com um total de 2.132 declarações, é a segunda zona do país com maior número de pedidos de escusa, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a apresentar a situação mais grave, seguido do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que abrange o Santa Maria, e do Hospital do Algarve.
A Ordem dos Enfermeiros refere que estes dados confirmam as suas previsões da "tendência de subida destas declarações desde o início do ano, face ao agravamento da situação nos hospitais, em particular devido à falta de enfermeiros".
"Em causa está a degradação dos serviços, sobretudo devido à falta de enfermeiros, o que leva ao incumprimento das dotações seguras, pondo em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados", sublinha.
A OE cita o relatório da OCDE "Health at a Glance", divulgado este mês, segundo o qual Portugal tem um rácio de 7,3 enfermeiros por 1.000 habitantes, tendo já sido ultrapassado por países como a Roménia, Lituânia e Malta, sendo a média dos países da União Europeia de 8,3 enfermeiros por 1.000 habitantes.
A declaração de escusa de responsabilidade foi disponibilizada pela OE a todos os enfermeiros para acautelar a eventual responsabilidade disciplinar, civil ou mesmo criminal dos enfermeiros face ao elevado número de doentes a seu cargo, uma vez que está demonstrado por estudos internacionais que, por cada doente a mais a cargo de um Enfermeiro, a mortalidade sobe 7% nos hospitais.