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Ucranianos em Portugal querem transformar embaixada russa em centro de refugiados

29 dez, 2022 - 17:36 • Lusa

Associação dos Ucranianos em Portugal lançou uma petição.

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Os ucranianos que vivem em Portugal vão lançar hoje uma petição para pedir ao Governo português que transforme a embaixada da Rússia num espaço de acolhimento de refugiados e pressione o uso de bens russos para pagar a guerra.

"Criámos uma petição para o Governo português para que transforme a embaixada da Rússia num centro de acolhimento de refugiados ucranianos", afirmou à Lusa o representante da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha.

A comunidade, que realiza hoje às 19:30 uma manifestação à porta da embaixada russa em Lisboa, vai questionar o Governo português sobre a embaixada russa em Portugal, já que a Rússia "herdou" o espaço que era da União Soviética, mas sem nunca ter divulgado "as condições dessa transferência do espaço", referiu Pavlo Sadokha.

A "herança" de representações da antiga União Soviética (URSS) pela Rússia está, aliás, a origem de um apelo do Governo de Kiev que os ucranianos em Portugal vão apoiar.

"Entendemos que o lugar da Rússia no Conselho de Segurança da ONU nunca foi juridicamente confirmado depois da queda da União Soviética, que foi quem esteve na fundação das Nações Unidas", explicou o representante da associação.

"Apesar disso, a Rússia tem direito de veto" no Conselho de Segurança, afirmou, indignando-se contra aquilo que considera ser um abuso.

Por isso, os ucranianos em Portugal vão "fazer um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em nome da comunidade, para que ele apoie a expulsão da Rússia da ONU e realize, em fevereiro de 2023, uma "cimeira da paz"", adiantou Pavlo Sadokha.

O responsável, que representa cerca de 56 mil ucranianos em Portugal, referiu ainda que a petição a entregar ao Governo "também vai pedir que a Rússia comece a pagar a guerra" através do confisco de bens russos no estrangeiro e o seu uso para a reconstrução do território e infraestruturas da Ucrânia.

Além disso, avançou Pavlo Sadokha, a comunidade em Portugal vai aproveitar para reforçar a angariação de fundos para comprar geradores de eletricidade para a Ucrânia.

"Temos já cerca de 10 geradores que vamos levar, no próximo ano, para a Ucrânia, mas são precisos muito mais", disse, lembrando que a Rússia continua a atacar o sistema de fornecimento de energia no país.

"Na minha cidade, em Lviv, 90% do sistema energético está danificado", afirmou, sublinhando considerar que a ação russa constitui "um genocídio", já que "sobreviver na Ucrânia sem aquecimento no inverno é impossível".

A ofensiva militar russa na Ucrânia foi lançada em 24 de fevereiro pela "necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia", como justificou o Presidente russo, Vladimir Putin.

A guerra, que já dura há mais de 10 meses, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

De acordo com a ONU, a invasão e consequente guerra já causaram a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, dos quais mais de metade para outros países europeus, sendo que há quase 18 milhões de ucranianos a precisar de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de apoio para comer e ter alojamento.

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  • Cidadao
    30 dez, 2022 Lisboa 12:13
    Pressionar o uso de bens russos para pagar a guerra, é um imperativo com o qual todos - exceto a Rússia, claro - concordarão, pois de livre vontade, Putin não pagará um cêntimo que seja para reconstruir o que destruiu. E podem apresentar queixas sobre o direito ou não da Rússia a ocupar a embaixada da ex-URSS, e até o lugar na ONU. Já quanto a transformar a embaixada russa num centro de refugiados, aí entra em cena o Direito internacional que diz que aquele solo, é como se fosse solo russo. E enquanto o for, uma entrada à força nesse solo, será equivalente a um incidente diplomático. Consigam primeiro que a Rússia não seja a herdeira legítima da ex-URSS, e depois logo se verá.

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