03 jan, 2023 - 17:32 • Lusa
O Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) estimou nesta terça-feira que a greve parcial que se iniciou no início do 2.º período letivo, registou uma adesão de cerca de 80%.
Em comunicado, o sindicato refere que a paralisação, apenas ao primeiro tempo de aulas de cada docente, teve uma adesão de cerca de 80% e "provocou o encerramento de centenas de escolas por todo o país".
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Docentes contestam propostas do Governo para a rev(...)
"Esta adesão em massa à greve é um claro sinal do descontentamento da classe docente e uma condenação às propostas apresentadas pelo Ministério da Educação aos professores", refere a presidente do sindicato, Júlia Azevedo, citada em comunicado.
A greve, que se vai prolongar até sexta-feira, foi convocada em protesto contra algumas das propostas apresentadas pela tutela no âmbito do processo negocial para a revisão do regime de recrutamento e mobilidade de professores.
Os sindicatos rejeitam, sobretudo, que a contratação e vinculação de professores possa vir a ser feita com base noutros critérios, além da graduação profissional, e de forma descentralizada, diretamente pelas escolas ou conselhos locais de diretores.
Na última reunião negocial, no início de novembro, o ministro João Costa apresentou algumas propostas gerais que previam, por exemplo, a transformação dos atuais 10 quadros de zona pedagógica em mapas docentes interconcelhios, alinhados com as 23 comunidades intermunicipais, bem como a criação de concelhos locais de diretores que decidiriam sobre a alocação às escolas dos professores integrados em cada mapa.
O SIPE, à semelhança de outras estruturas sindicais, exige que o Ministério da Educação recue nas propostas de alteração, mas quer também a abertura de processos negociais sobre outros temas relacionados com a carreira docente, a mobilidade por doença, precariedade e condições de trabalho.
"As políticas do Governo estão a esvaziar o setor da educação em Portugal. Temos um Ministério da Educação adepto do "show-off", que é incapaz de assumir a gestão de assuntos fundamentais para o ensino no país e penaliza constantemente os professores, afirma Júlia Azevedo.
O 2.º período do ano letivo arrancou nesta terça-feira, e foi marcado pela realização de greves e protestos de professores, que se prolongam até fevereiro.
Além da greve do SIPE, foi nesta terça-feira retomada a greve por tempo indeterminado, convocada pelo Sindicato de Todos os Professores ( (STOP), que decorre desde 09 de dezembro e que se deverá prolongar, pelo menos, até ao final de janeiro.
Também a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) retomou hoje greves ao sobretrabalho e às horas extraordinárias, que tinham sido iniciadas em 24 de outubro, e organizou uma concentração que juntou centenas de docentes em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa.
O STOP vai organizar no dia 14 de janeiro, em Lisboa, uma marcha pela escola pública e, antes disso, a Fenprof vai promover um acampamento junto ao Ministério da Educação entre os dias 10 e 13 se, até lá, o ministro não recuar nas propostas de alteração aos concursos e aceitar abrir processos negociais sobre outros temas.
Em articulação com outros sete sindicatos, incluindo o SIPE, a Fenprof convocou também uma greve por distritos, durante 18 dias entre 16 de janeiro e 08 de fevereiro. No dia 11 de fevereiro, realiza-se uma manifestação nacional organizada pelas oito organizações.