12 jan, 2023 - 17:44 • Anabela Góis
O mês de dezembro começou com um excesso de mortalidade. Nas três primeiras semanas do mês o Instituto Ricardo Jorge (INSA) registou mais 16% de óbitos do que o esperado para época. Apesar de ainda não haver certezas absolutas, a gripe é uma forte hipótese.
Ana Paula Rodrigues, médica de saúde pública do departamento de epidemiologia do INSA, revela que a epidemia chegou mais cedo esta época: “Terá acontecido no mês de dezembro o que habitualmente acontece em janeiro quando temos as epidemias de gripe. Este ano, a gripe começou mais cedo, logo em dezembro, e os seus efeitos também se fizeram sentir mais cedo”.
Mesmo que a atividade gripal seja ligeira ou moderada, como está a acontecer esta época, a gripe acaba por ter sempre um forte impacto na mortalidade, sublinha.
“Tivemos anos com atividade muito maior, mas, também, nessa altura tínhamos um excesso de mortalidade com valores muito superiores ao que se verificou em dezembro”, explica Ana Paula Rodrigues.
O excesso de mortalidade registado em dezembro verificou-se, sobretudo, nas faixas etárias acima dos 75 anos. “O que acontece durante as epidemias de gripe é que as pessoas afetadas são naturalmente as mais vulneráveis, que descompensam as suas doenças crónicas no inverno e, dentro deste grupo, as pessoas mais velhas têm ainda uma vulnerabilidade acrescida”, explica.
Já quanto ao vírus SARSCov2 que provoca a Covid-19, a médica não acredita que esteja entre as causas deste excesso de mortalidade. “As mortes por Covid, neste momento, são em número bastante reduzido e, portanto, não nos parece provável que a Covid esteja a ter aqui um peso importante, porque os casos graves continuam a ser testados e continuam a ser notificados. Quando há um óbito há registo dessa informação.”
O excesso de mortalidade registado nas primeiras semanas de dezembro agora notificado pela INSA registou-se, sobretudo, nas regiões nas regiões Norte, Lisboa e Vale do Tejo e Centro e atingiu mais as pessoas acima dos 75 anos.