16 jan, 2023 - 11:15 • Liliana Monteiro , Olímpia Mairos
O Tribunal Central Criminal de Lisboa rejeitou o requerimento apresentado por Aníbal Pinto, considerando-o dilatório, e decidiu continuar alegações.
Esta segunda-feira, a juíza presidente do coletivo, Margarida Alves, afirmou que “há muito que devia ter suscitado a questão”.
“Do processo resulta que o email não está ativo hoje e nem se sabe se estaria ativo em 2015”, disse, estranhando o facto de pedido ter sido feito nesta altura.
O arguido pediu ao tribunal, nas vésperas do fim das alegações finais, perícia ao seu computador por suspeitas de um ataque informático em 2015, defendendo que um email da Doyen Sports teria permitido à Polícia Judiciária (PJ) a identificação de Rui Pinto.
“Não estamos perante situação excecional ou documento que só tenha sugerido agora. O arguido teve um ano e três meses para avaliar a prova dos autos”, disse a juíza, rejeitando que o email do arguido tenha estado hackeado.
A defesa de Aníbal Pinto apresentou requerimento a discordar da decisão do tribunal alegando omissão de diligência. O coletivo diz que a diligência que era pedida não era “essencial para a descoberta da verdade” e que “a discordância não é suficiente para alegar nulidade da decisão”.
As alegações finais do processo Football Leaks, que estão a decorrer no Campus de Justiça, em Lisboa, terminam esta segunda-feira.
Já esta manhã, a defesa de Rui Pinto começou a apresentar ao tribunal as razões que considera que não devem levar à sua condenação.
Rui Pinto, de 34 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O Ministério Público pede que sejam ambos condenados a pena de prisão. Já a defesa de Aníbal Pinto defende a absolvição do seu cliente.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto de 2020, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.