17 jan, 2023 - 14:36 • Rafael Duarte
A chuva não afastou os professores, auxiliares, pais e alunos que se juntaram na manifestação em Portimão para exigirem respostas do Governo.
"Não conseguimos aguentar mais esta situação, estamos no nosso limite", afirma à Renascença Dilar Neves, professora em Silves.
"Isto podia estar completamente decidido se o Governo tivesse capacidade de nos ouvir e dar resposta", lamenta, por outro lado, António Fechado, docente em Portimão e que esteve na organização do protesto.
Os protestos fizeram-se ouvir nas ruas de Portimão, numa arruada que começou às 09h00 em frente à Câmara Municipal, onde os três agrupamentos da cidade marcaram presença. Ao todo, cerca de sete mil alunos não tiveram aulas.
A este protesto juntaram-se mais alguns oriundos de pontos do Algarve, como Silves e Albufeira.
"Trouxe-nos essa movimentação geral porque a nossa escola, a escola pública, chegou ao caos", referiu João Afonso, que dá aulas em Albufeira.
"É uma causa da sociedade civil, não é só de nós. Não é pelo dinheiro que cá estamos porque se fosse pelo dinheiro já todos tínhamos abandonado a profissão", reforçou, Dilar Neves, à Renascença.
André Pestana, coordenador do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), juntou-se às largas centenas de pessoas, para defender que as reuniões com o Governo devem ser transmitidas online e que já foi formalizado o pedido ao primeiro-ministro.
"Esta reunião e outras futuras decidem a vida de milhares de pessoas além das consequências para os professores, pais e alunos", explicou.
Recorde-se que o Ministério da Educação já admitiu vincular professores ao fim de três contratos, ir mais longe na proposta de reconfiguração dos quadros de zona pedagógica e abrir lugares de quadros de escola.
Para André Pestana são presentes envenenados: "Queremos ver onde está a diferença porque haver a vinculação após três contratos anuais já existe neste momento. Relativamente aos quadros de zona pedagógica, o ministro ainda não respondeu a uma questão muito simples que fizemos: os colegas que já estão em QZP (Quadro de Zona Pedagógica) e a sua área está a ser desmembrada em várias se poderão escolher em qual é que ficam. Por isso, não queremos presentes envenenados".
Os dias passam e milhares de alunos continuam sem aulas, mas o STOP confia no apoio dos pais: "Apoiam porque os pais não querem uma escola onde os profissionais de educação estão exaustos. Os pais que estão no terreno sabem isso, não os pais que dizem representar pais, mas recebem fundos do Ministério da Educação".
No Agrupamento de Escolas Júdice Fialho, em Portimão, os pais aderiram em massa ao protesto. "Houve uma reunião da Associação de Pais e os pais votaram por unanimidade que iam apoiar esta causa. Então, hoje a comunidade educativa esteve à porta das escolas e ninguém entrou", contou Cátia Cardoso, mãe e professora.
O STOP reúne-se no dia 20 de janeiro com o Governo. O sindicato defende mudanças urgentes, caso contrário, defendem que a saída do ministro é inevitável.