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Voluntariado tem futuro? Mais de metade dos jovens praticam

19 jan, 2023 - 21:53 • Filipa Ribeiro

A celebrar o 16.º aniversário, a Confederação Portuguesa do Voluntariado pede prioridade ao Governo. Ministra da Solidariedade assegura que a pandemia realçou a necessidade de investimento na área e exemplificou com a criação do selo de academia voluntária.

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A revisão da lei do voluntariado com mais de 20 anos e um Governo que coloque o tema na pasta das prioridades foram os dois presentes mais pedidos esta quinta-feira pela Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV), que assinalou os 16 anos numa cerimónia, na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa. Foi também apresentado um estudo segundo o qual mais de metade dos jovens praticam voluntariado.

O presidente da CPV, Eugénio Fonseca, pediu a todos os presentes que se focassem em oferecer “uma Assembleia da República e um Governo que coloque o voluntariado nas prioridades”, afirmando não ser excecional que haja “quem pague para almoçar na mesa do voluntariado”.

A falta de revisão da lei do voluntariado foi também uma das críticas apontadas, com o presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado a avançar que está já a ser conversada entre todas as associações uma proposta de revisão da lei.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social ouviu as intervenções e assumiu que o despertar para a importância do voluntariado aconteceu com a pandemia.

De acordo com Ana Mendes Godinho, foi graças à “task force” criada entre o ministério e as associações de voluntariado “que não aconteceu em Portugal o mesmo que em França e em Espanha”.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social dividiu por isso o discurso no período da pandemia e no pós-pandemia. Ana Mendes Godinho diz que a pandemia trouxe muitas lições estruturais e realçou a importância de “priorizar o investimento social que está em andamento com o Plano de Recuperação e Resiliência”.

Sem avançar com investimentos em concreto, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social disse que o Governo criou o selo para a qualidade de academia voluntária, que quer ajudar a fomentar o voluntariado no ensino superior.

De acordo com Ana Mendes Godinho, foram já revistas 12 instituições do ensino superior e o critério é que “as universidades reconheçam as competências de voluntariado como equivalências para efeitos curriculares”, explicou a ministra.

O voluntariado tem futuro

Cinquenta e um por cento dos jovens entre os 15 e os 30 anos pratica voluntariado. A conclusão é do inquérito realizado pela Confederação Portuguesa do Voluntariado, apresentado esta quinta-feira na celebração dos 16 anos da organização, que contou com as respostas de mais de 3.700 jovens.

Mais de metade dos 49% que nunca fizeram voluntariado assumiram que não sabem onde recorrer para poder fazer e que desconhecem iniciativas de voluntariado na zona de residência.

Beja, Évora, Guarda, Viana do Castelo e Braga são os distritos onde há mais jovens que são voluntários e as áreas de maior interesse são a ação social e a alimentação.

A motivação para o voluntariado é também um dos pontos que distingue quem já fez voluntariado com quem nunca teve a experiência. Por exemplo, os jovens que já experienciaram voluntariado dizem que a motivação é servir o próximo, enquanto quem nunca teve uma experiência na área diz que a maior motivação em querer fazer é o crescimento pessoal que resulta da atividade.

De acordo com a opinião dos jovens inquiridos, as ações de voluntariado têm chegado principalmente através da escola, universidade, dos amigos e familiares. Apenas 9,6% dizem que tomaram conhecimento através de pesquisa pessoal.

Mas afinal como deve ser comunicado o voluntariado?

Acabar com as questões que existem sobre o voluntariado, como qual a idade ideal para o fazer, ou como tornar algo mais praticado pela sociedade esteve em debate no 16º aniversário da CPV.

Há quem defenda que não deve haver idade limite e quem acredite que valorizar o voluntariado no acesso ao ensino superior pode ajudar a mudar o paradigma e a aumentar o interesse. Foram duas das teses defendidas pela plateia que participou na cerimónia.

No entanto, os jovens presentes defenderam que uma maior divulgação das ações nas redes sociais e na comunicação social pode tornar o voluntariado mais apelativo. Todos concordaram, ainda assim, que as escolas, universidades e a família vão ser sempre o melhor meio para incentivar o voluntariado.

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