26 jan, 2023 - 15:36 • Tomás Anjinho Chagas , Fábio Monteiro
Os professores estão a contar com a capacidade de influência do Presidente da República, apesar de Marcelo ter deixado claro esta quinta-feira de manhã que não quer "intrometer-se" no diálogo entre os sindicatos e o Governo.
À saída de uma reunião com consultores da presidência em Belém, as estruturas sindicais que representam os docentes afirmaram que é altura de mudar o atual paradigma.
Aos jornalistas, e embora coloque a responsabilidade sobreo Executivo de António Costa, o secretário-geral da FENPROF revelou o que espera de Marcelo Rebelo de Sousa.
"O senhor Presidente não é Governo, e portanto não é quem toma as decisões. É claro que é quem promulga os decretos de lei e tudo isso, mas sabemos que há um exercício de influência junto do Governo que a presidência da República também tem esse papel, nomeadamente nas reuniões semanais que tem com o primeiro-ministro", disse Mário Nogueira.
Por esse motivo, o sindicalista diz achar que Marcelo, "compreendendo os motivos que estão a mexer os professores todos, não deixará de colocar questões e nalguns casos também, esperamos nós, exercer alguma influência e ter algum peso nas decisões do Governo".
O Presidente da República tem vindo a fazer pressão para que Governo e sindicatos cheguem a acordo até ao Carnaval, para evitar mais prejuízos para os alunos que ficam sem aulas.
"O calendário escolar organiza-se pelas festividades e as negociações normalmente organizam-se de acordo com a abertura que os governos têm para poder, ou não, resolver os problemas", refere sobre isto Mário Nogueira. "Por nós, para a semana o problema estava resolvido."
Também em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita a Castelo Branco, a ministra da Presidência disse que o Governo está confiante num acordo com os professores, esperando que as negociações com os sindicatos cheguem a bom porto.
"O Governo apresentou uma proposta aos sindicatos na passada semana que responde, de forma muito clara, àquelas que são as duas principais reivindicações que temos ouvido e que penalizam a vida dos professores", indicou Mariana Vieira da Silva, citando os "níveis de precariedade demasiado significativos", sobre os quais "o Governo já se comprometeu com a vinculação, já neste ano, de mais de 10 mil professores", um número que "não se compara" com nenhum outro ano em que tenha havido vinculações de docentes.
A par disso, indica a número dois do Governo, o Governo propôs ainda "a criação de estabilidade e o fim de um processo em que os professores passam muitos anos de casa às costas, mudando de escola para escola". Para enfrentar esse problema, o Executivo quer "garantir a estabilidade das colocações, reduzindo a dimensão dos quadros de zona pedagógica".
"Este é o tempo da negociação, em função das respostas muito claras que o Governo apresentou."
Mariana Vieira da Silva destacou ainda que é prioridade do Governo responder á falta de professores nas escolas.
"As propostas que o Governo fez e que há pouco indiquei têm, precisamente, como um dos seus objetivos responder à situação da falta de professores, cujo diagnóstico já foi feito há um ano e em que estamos a trabalhar, primeiro com medidas de médio prazo e depois com medidas de mais longo prazo para resolver."