01 fev, 2023 - 16:47 • Anabela Góis e Ricardo Vieira
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vai avançar com um pré-aviso de greve nacional de dois dias, a 8 e 9 de março. A decisão foi revelada esta quarta-feira após uma reunião no Ministério da Saúde.
Em declarações à Renascença, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, lamenta que não se tenha avançado nas negociações.
Joana Bordalo e Sá lamenta que até agora não tenha sido apresentada uma única medida concreta para fixar e atrair médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Andamos de reunião em reunião, estas reuniões têm-se revelado inúteis porque não avançam. Infelizmente, chegou a altura da FNAM endurecer esta luta. Infelizmente, estamos a ser empurrados para a solução que nenhuma das partes gostava de ver, que é a emissão de um pré-aviso para 8 e 9 de março."
A responsabilidade para conseguir travar a greve dos médicos é agora do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e do Governo, sublinha Joana Bordalo e Sá.
Em comunicado, a FNAM defende que "é preciso cuidar de quem cuida. É preciso salvar o SNS".
"A FNAM sempre assumiu uma posição dialogante e disponível. Em resposta, o Ministério da Saúde tem sido evasivo e tem apresentado medidas paliativas, através da recém-criada Direção Executiva do SNS, à revelia das negociações com os sindicatos", refere a nota enviada à Renascença.
Para os médicos, "é fundamental implementar medidas estruturais: valorizar a carreira médica, negociando novas grelhas salariais, e dignificar condições de trabalho dos médicos, de forma a garantir cuidados de saúde de qualidade para a população".
A FNAM alerta que os médicos "chegaram a uma situação insustentável – estão exaustos e desmotivados face à falta de resposta do Governo, à situação difícil do SNS e ao cansaço acumulado durante a pandemia de Covid-19".
"Os médicos precisam da solidariedade dos utentes neste momento difícil, a luta pelo SNS é uma luta que afeta toda a gente", refere o sindicato.
Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), compreende a decisão da FNAM, mas não avança para a greve porque se comprometeu a negociar até ao final de junho.
"Compreendemos a atitude da FNAM, mas o Sindicato Independente dos Médicos cumpre aquilo que assina. Por isso, até 30 de junho iremos continuar num processo negocial. Há uma reunião na próxima semana e depois haverão outras. Iremos tentar evitar formas de luta que prejudicam as pessoas, diminuem o acesso dos portugueses aos cuidados de saúde e também há solução dos seus problemas”, afirma Roque da Cunha, em declarações à Renascença.
O dirigente do SIM considera que “o Governo tem alguma responsabilidade”, porque “alimenta ao descontentamento” ao “não apresentar propostas concretas” em matérias importantes.
No final da ronda negocial desta quarta-feira, o Ministério da Saúde garantiu que "negoceia de boa-fé com todos os grupos profissionais".
"No caso dos médicos, estão em curso reuniões de negociação de acordo com uma ampla agenda que foi acordada pelas partes envolvidas e que está calendarizada até junho próximo. A próxima reunião está agendada para o dia 8 de fevereiro", refere o gabinente do ministro Manuel Pizarro, em comunicado.
O Ministério da Saúde assegura que "continua empenhado no diálogo e na procura de consensos dentro de um calendário que o Governo e os sindicatos estabeleceram de comum acordo".
[notícia atualizada às 18h45]