A coordenadora do BE, Catarina Martins, acusou esta terça-feira o Governo de “não ceder um milímetro” e pediu “sinais rápidos” de que os professores são respeitados e ouvidos, desde logo com a aprovação na sexta-feira de duas propostas bloquistas.
No último dia das jornadas parlamentares do BE, Catarina Martins juntou-se à greve nacional dos professores em Viseu, uma concentração no início da qual cumprimentou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.
“Há estudantes sem aulas em muitas disciplinas, mas não é por causa da greve. É porque não há professores. E o número de professores que se está a reformar e que se vai reformar nos próximos anos é muito alto e os jovens não querem ser professores porque não são dadas condições”, disse.
Para a coordenadora bloquista, “mesmo que a greve acabasse amanhã”, continuaria a existir uma “extraordinária falta de professores”.
“A irresponsabilidade e a radicalidade estão do lado do Governo, que não cede um milímetro e com isso está a esvaziar a escola de professores e condições que é necessário para que a escola pública funcione. O Governo tem que dar sinais rápidos, já na próxima sexta-feira pode começar a dar sinais e, claro, negociar o resto”, desafiou a líder bloquista, em declarações aos jornalistas.
Considerando que há um “impasse impossível” e que "a insensatez está toda do lado do Governo”, Catarina Martins defendeu que o executivo liderado por António Costa “tem no imediato de tomar medidas que tornem a vida dos professores possível”.
“Eu tenho uma sugestão para o Governo agir já: na sexta-feira, no parlamento, são debatidas questões do estatuto dos professores e dos educadores e há duas medidas que o Governo podia aprovar já. Uma era acabar com o bloqueio nos acessos ao quinto e ao sétimo escalões e a outra era pagar despesas de deslocação aos professores deslocados”, disse.
Deixando claro que isto não resolvia todos os problemas, na opinião da líder do BE com estas duas medidas aprovadas “as condições nas escolas eram outras e as condições de negociação eram outras para se avançar em todas as outras matérias”.
“Dar um sinal aos professores de que são respeitados e de que são ouvidos, de que vale a pena trabalhar e dedicarem-se durante décadas à escola pública, permitindo-lhes que progridam na carreira e pagar despesas de deslocação àqueles que fazem quilómetros e quilómetros para garantir que não faltam professores onde são precisos”, enfatizou.
Depois, seria preciso “tudo o resto”, defendeu Catarina Martins, como a contagem do tempo de serviço e as restantes condições na escola.