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Tragédias como a do incêndio no prédio da Mouraria, em Lisboa “podem repetir-se”

07 fev, 2023 - 09:47 • Ana Fernandes Silva

Face ao aumento da comunidade imigrante, especialista em planeamento regional defende que o Governo “tem de avançar com a reforma do SEF e dar resposta ao mercado residencial”, defende o geógrafo Jorge Malheiros.

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Tragédias como a do incêndio no prédio da Mouraria, em Lisboa “podem repetir-se”, alerta o geógrafo Jorge Malheiros, em entrevista à Renascença.

O geógrafo que é especialista em planeamento regional sublinha que “o número de imigrantes tem aumentado em Portugal, sobretudo na área da grande Lisboa”.

“Sabemos que há um crescimento da comunidade imigrante oriunda da Ásia do Sul, da Índia, do Paquistão e do Bangladesh”, refere o especialista, destacando que “são comunidades que vivem em condições muito precárias, com situações de contratos de trabalho ausentes e de salários muito baixos”.

A falta de condições reflete-se também “no alojamento, com más condições, às vezes com defeitos de higiene e poucas instalações sanitárias”.

“Toda a população que está em Portugal, sobretudo nos centros urbanos como Lisboa, Porto e Algarve, depara-se com muitas dificuldades de acesso à habitação, devido à oferta reduzida para os segmentos que estão nos patamares médio e baixo”, explica.

Que medidas podem e devem ser implementadas para que a comunidade imigrante tenha melhores condições de vida?

Num primeiro plano, explica Jorge Malheiro, é preciso implementar aquilo que já está na lei. O especialista em planeamento regional refere que o Governo “tem de avançar com a reforma do SEF e dar resposta ao mercado residencial”.

É preciso “identificar, observar e penalizar as redes de tráfico de mão de obra e, situações de exploração laboral”.

“Temos nesta altura de pôr em prática, se calhar, mecanismos mais fortes de controlo de rendas, mecanismos de algum controlo do alojamento local, que permitam legalizar o alojamento local informal e depois uma oferta maior de habitação a preços acessíveis, com os necessários apoios do Estado para grupos que não podem pagar os preços que, neste momento, são praticados”, reitera.

“Há uma componente de fiscalização. É preciso fazer um levantamento das situações de alojamento informal que não estão no registo ou que não garantem as condições de higiene e segurança, mas não dá nenhuma alternativa da residência a estas pessoas”.

“Isto não pode desresponsabilizar nem o Estado nem os empregadores, que têm aqui um papel fundamental”, defende o geógrafo.

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  • MS
    07 fev, 2023 Lisboa 10:37
    Claro, porque a nova agência que vem substituir o SEF vai mesmo resolver as mais de 300mil pendencias. E como se após a concessão de titulo de residência as condições mudassem maravilhosamente. Acordem! O país está mais que saturado de pessoas, não há nem trabalho nem alojamento para que estas pessoas tenham uma vida digna. O Sr geógrafo ou tem uma agenda colorida para fazer tais afirmações, ou não sabe minimamente do que fala, e pior, é cego à realidade da vida destas pessoas. A receita para termos chegado até aqui é muito simples: Lei de imigração alterada pela Geringonça (Esquerda e Extrema-Esquerda) para uma permissividade única no mundo. Esta lei criou um efeito chamada brutal, não fosse Portugal parte da UE e de Schengen. Ter uma residência em Portugal abre o sonho de poder circular livremente na Europa (o que só por si é falacioso). Como se não bastasse, com todos os serviços públicos em capitulação técnica funcional por desinvestimento, o mesmo governo de geringonça acaba com o único "entrave" à política de portas abertas, o SEF. Acaba-se a fiscalização, acaba-se todo qualquer tipo de controlo, e cria-se uma agência mágica que vai resolver todos os problemas. Em que mundo vivem? E é este tipo de pessoas que comenta assuntos sérios e manda bitaites. O sr geógrafo devia saber melhor que ninguém: as fronteiras existem há milénios, e agora de repente, uns iluminados politicamente corretos e pós-modernistas querem de um dia para o outro acabar com elas. Habituem-se...
  • Cláudio Rodrigues
    07 fev, 2023 Portimão 10:34
    Desculpem lá, mas o que é que o SEF tem a ver com o mercado da habitação/residencial? A culpa do incêndio é do SEF? A culpa de numa habitação viverem amontoados 20 ou 30 pessoas é do SEF? A culpa de não haver casas para os imigrantes (e já agora para ninguém neste país que não seja rico) também é do SEF? Então, de acordo com este especialista, quando acabarem/reestruturarem o SEF será tudo resolvido? Tenham paciência e aconselho a RR a procurar melhor os especialistas para falar de certos e determinados temas.

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