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Abusos na Igreja

Ex-padre acusado de abusos tenta entregar-se na PGR e é mandado para trás

17 fev, 2023 - 12:03 • Vítor Mesquita , Ângela Roque

Anastácio Alves estava afastado da vida eclesiástica desde 2018 e desaparecido desde então. PGR chegou a pedir cooperação internacional a França para o localizar.

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O ex-padre madeirense Anastácio Alves, acusado de abuso sexual de menores, tentou esta sexta-feira entregar-se à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas não foi recebido.

A história é contada pelo Observador, que acompanhou o ex-prelado na tentativa de se entregar às autoridades competentes.

Acusado de abuso de menores, Anastácio Alves estava desaparecido desde 2018, tendo sido acusado à revelia em 2022. Na altura, a PGR emitiu um comunicado a dar conta de que, durante o inquérito, chegou a ser pedida cooperação internacional a França para o localizar.

O antigo sacerdote admite ao jornal online ter abusado sexualmente de crianças. Ao tentar entregar-se hoje, acompanhado por uma equipa de advogados, foi-lhe dito que tem de deslocar-se afinal à Madeira, ao tribunal competente pelo processo em que está envolvido.

Reagindo ao caso, o bispo do Funchal saudou a decisão de o antigo padre madeirense se entregar à Justiça por suspeitas de cinco crimes de abusos. À SIC Notícias, D. Nuno Brás explicou que soube do facto pela comunicação social e espera que a decisão permita esclarecer o caso.

“O Anastácio Alves, que de facto já deixou o exercício do sacerdócio, decidiu entregar-se. Só posso saudar a colaboração com a Justiça que ele agora manifesta. Por nossa parte, sempre colaborámos com a Justiça e sempre estamos dispostos a colaborar, tal como fizemos com a Comissão Independente [para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica]. Só posso saudar este ato dele, que contribui para o esclarecimento dos factos.”

O bispo do Funchal manifesta "toda a solidariedade para com as eventuais vítimas" de que o ex-padre possa ter abusado e garante que, consigo na diocese, haverá “tolerância zero” aos abusos: nenhum suspeito de abuso será transferido de paróquia e todas as queixas serão analisadas e enviadas ao Ministério Público (MP), atitudes de resto "previstas na legislação canónica e na portuguesa", adianta.

"Comigo sempre houve tolerância zero. Só posso responder por mim, mas é tolerância zero, obviamente, nem se põe outra hipótese."


Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:

- Serviço de Escuta dos Jesuítas, um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.

Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa

- Rede Care, projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.

Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.

Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt

- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores. São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.

São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.

Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.

Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:

- Projeto Cuidar, do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica

Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt

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