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Cientistas da Universidade de Coimbra usam inteligência artificial para estudar o autismo

22 fev, 2023 - 11:39 • Olímpia Mairos

Com esta investigação, a equipa de investigadores acredita que “será possível contribuir para um melhor conhecimento do autismo, no que diz respeito ao sistema neurónio-espelho, podendo no futuro desenvolver-se uma ferramenta automática para identificar estes biomarcadores, que por sua vez, pode conduzir a uma caracterização otimizada destas perturbações”.

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O Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um projeto que visa estudar e caracterizar as perturbações do desenvolvimento do autismo, através de inteligência artificial.

De acordo com a academia, o projeto denominado Move4ASD, é desenvolvido em parceria com o Instituto de Imagem Biomédica e de Investigação Translacional de Coimbra (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra e com a Universidade de Oxford, Reino Unido, e pretende “utilizar abordagens tecnológicas baseadas em metodologias de inteligência artificial para caracterizar o autismo através da análise de tarefas de imitação”.

Segundo João Ruivo Paulo, investigador do ISR e coordenador do projeto na FCTUC, a investigação “estuda a hipótese de que, nos indivíduos diagnosticados com autismo, o mecanismo de aprendizagem designado neurónio-espelho está alterado, em relação a indivíduos saudáveis”.

“Assim, acredita-se que a aprendizagem de atividades motoras, como andar e dançar, e outras atividades de interação social, possam ser mal interpretadas por indivíduos diagnosticados com esta condição”, destaca.

O Move4ASD vai analisar dados neurofisiológicos e comportamentais, captados através de eletroencefalografia (EEG) e movimento tridimensional e, segundo o coordenador do projeto, os “dados serão processados por técnicas de aprendizagem máquina para descobrir distinções entre indivíduos saudáveis e participantes do grupo clínico”.

“Através desta diferenciação entre grupos será possível identificar biomarcadores neurofisiológicos de padrões motores ainda pouco compreendidos”, assinala.

Com esta investigação, a equipa acredita que “será possível contribuir para um melhor conhecimento do autismo, no que diz respeito ao sistema neurónio-espelho, podendo no futuro desenvolver-se uma ferramenta automática para identificar estes biomarcadores, que por sua vez, pode conduzir a uma caracterização otimizada destas perturbações”.

O projeto vai contar com a colaboração da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA), e neste sentido vários jovens da APPDA de Coimbra já realizaram uma visita ao ISR, na qual tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido pelo Instituto e de interagir com robôs, realizar jogos interativos e ainda, conhecer o projeto Move4ASD.

Segundo a equipa de investigadores, “esta colaboração será essencial para se desenvolver conhecimento científico relevante no âmbito destas perturbações de desenvolvimento”.

O projeto é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), e envolve, além do investigador João Ruivo Paulo e dos professores Paulo Menezes e Gabriel Pires, do DEEC/ISR, o professor Miguel Castelo Branco e Teresa Sousa, do CIBIT/ICNAS, bem como, Tingting Zhu, investigadora da Universidade de Oxford.

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