02 mar, 2023 - 11:45 • Isabel Pacheco
Em dia de greve, alguns professores chegaram, esta quinta-feira, à escola básica 2/3, André Soares, em Braga, vestidos de preto em sinal de protesto. A maioria trazia um crachá a identificar-se como professor “em serviços mínimos”.
À Renascença, todos admitiram estarem em desacordo com a decisão do Tribunal Arbitral que decretou os serviços mínimos nas escolas na greve dos docentes. Ainda assim, garantiam estar prontos para cumprir a lei.
“Os serviços mínimos na educação são um atentado ao direito à greve. Na saúde, compreendo, mas na educação é limitar os direitos à luta que são legítimos”, lamentou Isabel Moura, uma das professoras que assegurou, esta quinta-feira, o cumprimento dos serviços mínimos naquela escola.
“Também vim cumprir os serviços mínimos porque somos cidadãos cumpridores, mas contra a minha vontade”, acrescentou Luísa Costa . “Até por respeito pelos alunos porque esta é uma época de avaliações”, explicou a docente de Português e Francês que chegou a ponderar “fazer greve e dar, na mesma, os testes aos alunos”.
Ainda que contra a vontade, os professores asseguraram pelo menos três aulas durante o período da manhã aos 1200 alunos da André Soares para alívio dos pais que veem na obrigatoriedade dos serviços mínimos, alguma, “salvaguarda”.
“É mais uma salvaguarda de que os miúdos, em princípio, vão ter aulas, apesar de nunca ficarmos tranquilos. Estamos sempre com o coração nas mãos”, admitiu Lúcia, mãe do Matias, aluno da André Soares.
Paulo Gomes, outro encarregado de educação, reconheceu que, apesar de ajudar saber que os professores são obrigados a cumprir os serviços mínimos, a “tranquilidade é pouca”. “Estamos sempre com o pé atrás e preparados porque podemos ter de os vir buscar”, admitiu Paulo que, desde dezembro, já teve de faltar por duas vezes ao trabalho por causa da greve dos docentes.
O Tribunal Arbitral decretou serviços mínimos para as greves de professores convocadas pela plataforma de nove organizações sindicais para esta quinta e sexta-feira.
O protesto acontece, esta quinta-feira, nas escolas do norte e centro. Na sexta é a vez das escolas do sul do país.