02 mar, 2023 - 22:44 • Lusa
Cerca de 50 pessoas concentraram-se, esta quinta-feira, junto ao Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, para protestar contra o fecho noturno e ao fim de semana da urgência pediátrica, alegando que representa um retrocesso na saúde local.
Fernanda Santos, da Comissão de Utentes de Loures, que organizou o protesto, receia que o encerramento seja definitivo e diz ser um "total retrocesso" a 2011, ano anterior à abertura do Hospital Beatriz Ângelo (HBA).
"Quando este hospital foi construído, tínhamos grande esperança que resolvesse a situação das urgências, de termos de nos deslocar a Lisboa", afirmou, mas refere que a unidade "sempre teve problemas", com "longas horas de espera" e "falta de profissionais".
A utente, que também é vereadora substituta pela CDU na Câmara de Loures, estima que, no concelho, 65 mil pessoas não têm médico de família, pelo que muitas costumam recorrer às urgências deste hospital. .
Já Anabela Pinto, moradora na Pontinha (Odivelas), está receosa porque "pode haver questões [de saúde] muito graves" entre os jovens que seriam atendidos no hospital de Loures, mas que terão de deslocar-se até às unidades de Lisboa, antevendo que estas fiquem "sobrecarregadas".
Presente na manifestação estava o presidente da Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, um dos quatros concelhos servidos pelo HBA, a par de Loures, Odivelas e Mafra.
"Se Sobral de Monte Agraço já não é perto de Loures (...), se formos para o centro de Lisboa, é mais complicado ainda", afirmou José Alberto Quintino (CDU).
Os presidentes dos municípios servidos pelo hospital de Loures vão reunir-se com o ministro da saúde na terça-feira, com o autarca comunista a querer perceber "o que se pode fazer para reverter a situação, quanto tempo vai durar e quais as opções enquanto estiver fechado", para "fazer a máxima pressão para que seja revertido o mais depressa possível".
À entrada da unidade hospitalar, que também tem fechado, de forma rotativa com outros hospitais em Lisboa, a urgência de obstetrícia, estavam vários autarcas e populares, que empunhavam cartazes a defender o SNS, referindo, entre outras frases, que "é de todos" e que "a saúde é um direito".
O ministro da Saúde Manuel Pizarro já anunciou que o plano para o funcionamento regular da pediatria na Área Metropolitana de Lisboa será conhecido na próxima semana.
Na quarta-feira, 11 chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral da unidade demitiram-se do cargo, justificando, numa carta de demissão consultada pela Lusa, que o hospital vive "os piores momentos da sua história" devido à "escassez de recursos humanos".
Em declarações à RTP, a presidente do conselho de administração do HBA pediu um regime de exceção para facilitar contratações, estimando serem precisos cerca de 60 médicos e lembrou que desde dezembro, saíram seis pediatras, mas que só foi possível recrutar três em regime de prestação de serviços.
Entre as 09h00 e as 21h00 de sábados e domingos, a assistência às crianças e adolescentes com doença urgente que sejam da área de referência do Hospital Beatriz Ângelo será assegurada pelo Hospital São Francisco Xavier, Santa Maria e Dona Estefânia, enquanto, no período noturno de todos os dias, o atendimento é feito pelas últimas duas unidades.