13 mar, 2023 - 13:04 • Lusa
A plataforma informal que reúne nove sindicatos de profissionais de educação anunciou esta segunda-feira greves a partir do dia 27 a “todo o serviço extraordinário”, às avaliações finais, paragens por distrito e uma “grande concentração” para dia 06 de junho.
Em conferência de imprensa, em Vila Nova de Gaia, Porto, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, a representar a “Plataforma pela Educação”, garantiu que os professores “não se vão deixar calar” e adiantou que vão apresentar uma proposta negocial para “forçar o Ministério da Educação” a negociar já a pensar em 2024.
No dia 09, Governo e sindicatos admitiram não terem chegado a um acordo sobre o novo regime de recrutamento, tendo o ministro da Educação mostrado disponibilidade para continuar as negociações sobre outras questões, mas apelado ao regresso à normalidade nas escolas e ao fim das greves, sem confirmar se as reuniões negociais seriam agendadas caso as paralisações se mantivessem.
“Vamos enviar uma proposta que, nos termos da lei, obriga à abertura de um processo negocial, com inicio em 2024 e até ao final da legislatura”, anunciou Mário Nogueira, apontando que aquela proposta inclui a discussão da contagem integral do tempo de serviço, o reposicionamento nos escalões, despenalizações na antecipação da aposentação ou majoração do valor da pensão.
Resultado do inquérito feito pela Fenprof junto do(...)
Quanto às formas de luta anunciadas, as organizações sindicais decidiram iniciar a 27 de março, e sem data para terminar, greve a “todo o serviço extraordinário, a todo o serviço imposto fora do horário de trabalho, a toda a atividade atribuída no âmbito da componente não letiva de estabelecimento e às avaliações finais”.
Aquela plataforma anunciou ainda uma “greve ao ultimo tempo letivo diário de cada docente” e uma nova greve por distritos, a começar no dia 17 de abril (depois das férias da Páscoa) e a terminar a 12 de maio, começando pelo Porto, seguindo-se Viseu, Vila Real, Viana, Aveiro, terminando em Lisboa.
“No dia 06 de junho de 2023 será um dia muito importante. Haverá uma greve e esperamos que seja uma grande manifestação nacional. Esta data é simbólica, 06-06-23, porque simboliza os seis anos, seis meses e 23 dias que os professores reivindicam de recuperação de tempo de carreira”, explicou Mário Nogueira.
Além das várias jornadas de greve, Mário Nogueira anunciou que foram pedidas reuniões a “todos os partidos políticos”.
Anunciou ainda a entrega de uma ação no Tribunal da Relação de Lisboa contra os serviços mínimos decretados para as greves de dois e três de março, a apresentação de uma queixa à Comissão Europeia “pelas limitações impostas ao direito à greve”, assim como uma queixa contra o Estado português junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Comité Sindical Europeu de Educação por “limitação do direito à greve por parte de educadores e professores”.
Quanto à continuação das rondas negociais com o ministério da Educação, que se disponibiliza a continuar a negociar - mas exclui das negociações a recuperação integral do tempo de serviço, uma das principais reivindicações dos sindicatos -, Mário Nogueira referiu que da parte dos docentes há vontade de negociar.
No entanto considerou “inqualificável a condição imposta” pelo ministério da Educação, que acusou de querer silenciar os docentes.
“Não é aceitável que o ministro da Educação exija que não se ouça ruído lá fora [da sala de reunião] de professores a protestar e que se deixe de se fazer greve [para que se continuem as negociações]”, disse.
“Ações de luta não vão faltar para podermos pressionar o Governo a resolver problemas que estão a massacrar uma profissão em que há cada vez menos gentes”, avisou Mário Nogueira.
Os protestos dos professores, que têm incluído manifestações e greves em diferentes moldes, começaram em dezembro passado.