15 mar, 2023 - 14:53 • Lusa
O primeiro-ministro salientou esta quarta-feira que ao chefe do Estado Maior da Armada cabe assegurar a disciplina e ordem nas suas forças e que foi aberto inquérito em relação aos militares que se recusaram a cumprir uma missão.
Esta posição foi transmitida no final da 34.ª Cimeira Luso Espanhola, em Lanzarote, no arquipélago das Canárias, depois de confrontado com o caso de 13 militares se terem recusado a embarcar no navio Mondego por falta de condições de segurança.
Em relação a este caso, o líder do executivo observou que "está aberto um inquérito" por parte do almirante chefe do Estado Maior da Armada, Gouveia e Melo, "a quem cumpre assegurar a disciplina, a ordem e a prontidão de todas as forças que estão sob seu comando".
António Costa salientou depois que as "Forças Armadas portuguesas estão à altura de desempenharem qualquer missão onde quer que seja", havendo contingentes da Força Aérea e da Marinha no Mar Báltico, "ajudando a proteger a fronteira norte da NATO".
"Temos Forças Armadas portuguesas na República Centro Africana no quadro das missões das Nações Unidas e de treino da União Europeia", acrescentou.
Na terça-feira, em Peniche, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que aguarda os resultados da investigação sobre o episódio da recusa de militares da Marinha em embarcar no NRP Mondego e defendeu um reforço da manutenção nas Forças Armadas.
Em nota enviada à agência Lusa na segunda-feira, a Marinha considerou que os 13 militares que recusaram embarcar no navio Mondego "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos" e remeteu "a disciplina e consequências" a aplicar para depois de os factos serem "apurados em detalhe".
Explicador Renascença
No passado sábado, mais de uma dezena de militares(...)
De acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, a que a Lusa teve acesso, no sábado à noite o navio Mondego recebeu ordem para "fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo", numa altura em que as previsões meteorológicas "apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros".
Segundo estes 13 militares, o próprio comandante do NRP (Navio da República Portuguesa) Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio, entre as quais um motor e um gerador de energia elétrica inoperacionais.
A Marinha confirmou, em nota à agência Lusa, que o NRP Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas referiu que a missão que a desempenhar era "de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas".
Aquele ramo das Forças Armadas acrescentou que o comandante do navio reportou que, "apesar das limitações mencionadas, tinha condições de segurança para executar a missão".
Na terça-feira, fonte oficial da Armada disse à agência Lusa que os 13 militares que se recusaram a embarcar no NRP Mondego vão ser alvo de processos disciplinares internos e que informação sobre este incidente foi remetida à Polícia Judiciária Militar.
Logo depois do incidente, foi ordenada uma inspeção às condições de segurança do navio Mondego.