17 mar, 2023 - 10:32 • Teresa Almeida , Olímpia Mairos
Os 13 militares alvo de processo disciplinar, depois de se recusarem cumprir uma missão alegando falta de segurança da embarcação Mondego, já estão em Lisboa, a caminho da direção de pessoal da Marinha.
À Renascença, o advogado Paulo Praça admite que os militares tiveram razão na decisão que tomaram e garante que é possível prová-lo.
“É. Assim haja isenção e imparcialidade para que a questão seja analisada em toda a sua vertente. Assim haja coragem para chamar as coisas pelos nomes que têm, assim haja coragem para aplicar a lei e o direito, especialmente conforme ele tem que ser aplicado numa situação destas”, diz Paulo Praça.
Confrontado com o resultado da peritagem ao navio, que concluiu precisamente no sentido contrário daquilo de que se queixavam os militares, o advogado diz que ouviu dizer que “a Marinha encomendou uma peritagem, tendo em conta todos os discursos que têm sido proferidos até agora”.
“O que eu concluo é que a Marinha está a agir de forma parcial, pelo que a peritagem que a própria Marinha encomendou terá que ser analisada, para verificarmos se tem, de facto, credibilidade”, atira.
Por isso, Paulo Praça não afasta a possibilidade de os militares pedirem uma peritagem autónoma.
“Eventualmente, nós estamos aqui a falar de provas que são pedidas por uma parte interessada. É bom que as pessoas não se esqueçam disso”, assinala.
Nestas declarações à Renascença, Paulo Graça, diz desconhecer o futuro próximo destes militares, mas admite que na sua deslocação às instalações da Marinha poderá estar a decisão de os afastar.
“Admito que possam ser afastados e admito que possam não ser. Não sei. Pode ser isso que se está a preparar, mas nós não sabemos ainda”, diz o advogado, referindo que o que se sabe, até ao momento, é que os militares “se vão deslocar à direção de pessoal da Marinha, assim que chegarem a Lisboa”.
O NRP (Navio da República Portuguesa) Mondego não cumpriu no sábado à noite uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha do Porto Santo, na Madeira, porque 13 dos militares da guarnição (quatro sargentos e nove praças) se recusaram embarcar por razões de segurança.
O chefe da Armada, Gouveia e Melo, em declarações na quinta-feira no Porto do Funchal, criticou os militares do navio Mondego que desobedeceram às ordens, dizendo que o caso é de “uma gravidade muito grande”.
“A Marinha não pode esquecer, ignorar, ou perdoar atos de indisciplina, estejam os militares cansados, desmotivados ou preocupados com as suas próprias realidades”, acentuou, questionando diretamente os militares revoltosos: “Que interesses os senhores defenderam? Os da Marinha não foram certamente, os vossos muito menos. Só unidos venceremos dificuldades e vocês desuniram-nos.”