Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Dia Mundial da Água

Há elevadas perdas de água em 80% dos municípios com défice tarifário no serviço de abastecimento

22 mar, 2023 - 08:49 • Ana Fernandes Silva

Na Figueira da Foz está a ser desenvolvido um projeto que pretende reduzir o desperdício de água, mas também diminuir o valor da fatura.

A+ / A-

Das 230 entidades gestoras de água em Portugal, 76 não cobram o valor efetivo dos gastos, o que explica os preços diferentes praticados em várias regiões do país. A leitura é feita pela Associação Ambientalista ZERO, que analisou os dados do Relatório Anual dos Serviços de Água e Resíduos de Portugal da Entidade Reguladora da Água e dos Resíduos.

À Renascença, a ambientalista Sara Correia explica que "há um problema de regulação em Portugal".

"Temos uma entidade gestora que é a ERSAR que não pode fixar tarifa. Pode apenas apresentar recomendações aos municípios e os municípios é que apresentam todos os anos as tarifas que vão cobrar. Daí haver esta grande disparidade a nível nacional, entre entidades que cobram uma água mais cara e outras que cobram uma água tão barata que não chega para cobrir os custos de serviço", indica.

Para além dos custos de serviço que não são cobrados, há perdas efetivas de água, que rondam os 80% nos casos dos municípios com défice tarifário.

A ambientalista Sara Correia defende que o preço da água deve aumentar, para que os municípios consigam evitar ou reduzir as perdas de água, já que "neste momento, muitos municípios utilizam os orçamentos municipais para compensar o défice tarifário".

Inteligência Artificial no combate ao desperdício da água no uso doméstico

Foi criado um projeto pioneiro em Portugal, na Figueira da Foz, que pretende não só reduzir o desperdício de água, mas também diminuir o valor da fatura.

"Conta Gotas é uma aplicação gratuita para todos os clientes da Águas da Figueira que lhes permite monitorizar os seus consumos, ou seja, fazer uma gestão adequada da sua água e também gerar alertas no caso de falhas de água, ou em caso de rutura", explica João Damasceno em entrevista à Renascença.

O presidente da empresa Águas da Figueira revela que desde 2020, ano em que decidiram monitorizar o uso da água através da inteligência artífical, conseguiram diminuir as perdas de água na rede pública e os consumidores pagam agora faturas mais baixas.

"Na rede pública conseguimos baixar mais de 5 pontos percentuais, nos últimos três anos. O que significa que estamos com uma perda inferior a 15%", adianta.

Desde que os consumidores começaram a receber alertas sempre que se verifiquem desperdícios de água dentro de casa, as faturas baixaram, "em muitos casos, pessoas que tinham ruturas no valor de 600 ou 1000 euros, isso deixou de acontecer", admite o responsável pela primeira empresa a implementar inteligência artificial para a monitorização da água.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Manuel
    22 mar, 2023 Guimaraes 11:05
    Bom dia, Este problema, coloca-se com esta gravidade porque nunca, jamais ou alguma vez a questão da manutenção das redes de abastecimento esteve na cabeça dos presidentes dos municípios, que andaram estes anos todos sem a menor consciencialização para este problema. Se os equipamentos e as redes de distribuição apresentam danos severos que originam essas perdas elevadas de água, os presidentes de câmara, em vez de fazerem projetos megalómanos ou inventarem projetos para gastar o dinheiro dos contribuintes que na pratica nada de novo trazem para a qualidade de vida dos concidadãos, que gastem o dinheiro na preservação desses equipamentos e respetivas redes de distribuição. Só que isto tem um problema. Não se vê e logo não dá votos!
  • Marco Nóbrega
    22 mar, 2023 Machico/Lisboa 09:44
    Bom dia, um dos problemas associados à falta de capacidade os municípios cobrirem os custos de manutenção das infraestruturas de saneamento é o ordenamento do território e o desenho urbano, em que muitos destes municípios têm um problema da dispersão urbana, que leva à necessidade terem mais infraestrutura per capita, o que leva a essas situações. A colmatação urbana e a criação de perímetros urbanos, são algumas das formas de diminuir o problema. Mas isto de um forma mesmo muito resumida.

Destaques V+