24 mar, 2023 - 00:15 • Redação
Em 2022, houve mais de três milhões de dias de faltas, entre os profissionais de saúde dos hospitais, centros de saúde e outras instituições de saúde tuteladas pelo Governo e o secretário-Geral do Sindicado Independente dos Médicos (SIM), fala, à Renascença, de pressão elevada sobre os profissionais de saúde.
“A diminuição, não só na área dos médicos, de profissionais disponíveis, também na área da enfermagem, dos assistentes técnicos, faz com que haja uma pressão cada vez maior em relação à carga de trabalho. Dadas as circunstâncias de não se perspetivarem nos próximos tempos alterações em relação a esta matéria, eu temo que esta situação de incapacidades temporárias possa naturalmente aumentar”, aponta.
O aumento foi de 54% em relação a 2019, antes da pandemia. Esta tendência de crescimento do absentismo tem-se vindo a agravar desde 2014, de acordo com o Portal da Transparência, citado pelo "ornal de Notícias".
E este ano, entre janeiro e fevereiro, os registos já apontam 637 mil dias de ausência ao trabalho por doença.
“São profissões que lidam no dia-a-dia sempre com grande pressão, e por isso é necessário criar condições para que no Serviço Nacional de Saúde se trabalhe com horas limitadas, quando se fala em cerca de 8 milhões de horas extraordinárias, só feitas por médicos”, refere Jorque Roque da Cunha, sobre 2021.
Como exemplo aponta ainda, o Hospital de Portalegre onde “uma escala de urgência, que é permanente e persistentemente abaixo dos mínimos, com um aumento de pessoas que recorrem ao serviço de urgência e em situações mais graves. Felizmente o aumento da esperança média de vida está a aumentar, mas estas pessoas precisam de mais atenção”.
Por estes motivos, o secretário-Geral do SIM não se mostra surpreso com estes números, mas deixa o alerta ao Governo para que "crie condições para que o Serviço Nacional de Saúde seja atrativo".
De acordo com o SIM, prevê-se para os próximos anos a saída do SNS de 1.200 médicos por ano, por atingirem a idade da reforma.
Esta circunstância agravada por contratações dos privados e a incapacidade do serviço público de saúde de atrair jovens especialistas, pode levar a que a “a situação possa agravar, em vez de atenuar”, vaticina.
A Direção-Executiva do SNS juntamente com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) e a Ordem dos Psicólogos Portugueses está já a desenvolver um estudo sobre a cultura organizacional no SNS, com um inquérito enviado a todos os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde denominado “Estamos a cuidar dos nossos trabalhadores?”, que possibilite auscultar o estado geral anímico dos profissionais de saúde.