23 mar, 2023 - 21:59 • José Carlos Silva , Marta Pedreira Mixão
O padre Jardim Moreira, da Rede Europeia Anti-Pobreza, defende que as dificuldades com que se debatem muitas famílias têm de ter resposta, com lucidez e bom senso, além de uma intervenção no cabaz alimentar básico, porque, segundo explica, no terreno as queixas são muitas.
"Noto isso no terreno a vários níveis e noto que os comerciantes dizem que vendem menos. Dizem que não podem levantar muito o preço, porque depois não tem quem compre e portanto, têm de se remediar com menos lucros", afirma o responsável, em declarações à Renascença.
Para o padre Jardim Moreira, "há aqui uma pescadinha de rabo na boca".
"Se não houver uma intervenção estrutural, as coisas podem remediar-se com pequenas ajudas, mas penso que estamos a caminhar para uma mudança séria no sistema e que é preciso enfrentá-la com lucidez e com bom senso", refere.
O padre Jardim Moreira refere ainda que não é a favor de um bodo aos pobres, mas defende uma intervenção no cabaz alimentar básico.
"Parece-me que devíamos ter em conta a experiência espanhola [em relação aos bens alimentares], e o seu pouco resultado, ou a experiência francesa, que para ser mais acertada. Se não, isto de dar aos pobres, nem todos são beneficiados e, no fim, se calhar, as coisas não resultam. Penso que devia ser ponderada a forma de intervir para os mais pobres, com [uma] intervenção no cabaz básico de produtos básicos. Temos de aprender com as boas práticas dos outros países para fazermos alguma coisa de útil e de justa", explica o responsável da da Rede Europeia Anti-Pobreza.
Em relação à habitação, lembra também que há famílias em sérias dificuldades para cumprir as suas obrigações, ao ponto de não conseguirem já pagar a escola aos filhos estudantes, nomeadamente universitários. O padre Jardim Moreira refere ainda que as taxas e os impostos em serviços como a água, o gás ou a eletricidade são excessivos.