10 abr, 2023 - 23:04 • Marta Pedreira Mixão
O Ministério Público instaurou um inquérito sobre alegados erros e casos de negligência no serviço de cirurgia do Hospital de Faro denunciados pela médica interna Diana de Carvalho Pereira, segundo anunciou esta segunda-feira a Procuradoria-Geral da República.
Em declarações à Renascença, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM) considerou que os alegados casos de negligência reportados se tratam de uma situação "muito grave", por isso, a Ordem avançou imediatamente com os procedimentos adequados.
"Tive conhecimento direto ontem (domingo) ao final do dia e desencadeei os procedimentos que entendi serem os corretos nesta fase, que é dar conhecimento ao Ministério Público, à IGAS - Inspecção Geral das Atividades em Saúde, ao Ministério da Saúde, à ARS (Administração Regional de Saúde) do Algarve e ao Conselho Administração do Hospital, porque aquilo que nos foi reportado pela médica são situações potencialmente graves e merecem uma intervenção imediata das autoridades do setor da saúde", salienta o bastonário.
Carlos Cortes refere que a "própria Ordem dos Médicos, internamente, já remeteu, também para Conselho Disciplinar, a avaliação das denúncias".
A OM já questionou o respetivo hospital em relação às denúncias que foram enviadas, mas para já ainda está "a aguardar a resposta". Carlos Cortes salienta, contudo, que a Ordem vai reunir com os responsáveis do hospital de Faro ainda esta semana, "através do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos", para tentar "perceber a situação denunciada".
Sobre a queixa da médica interna, o bastonário dá conta que "houve um ofício que foi enviado pela médica para a Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos" durante o fim de semana da Páscoa. A médica entrou também em contacto com Carlos Cortes, que, perante a gravidade das denúncias, desencadeou de forma imediata todos os procedimentos da parte da OM.
Segundo a médica que reportou os casos ocorridos "entre janeiro e março", dos 11 doentes, "três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida".