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ReFood faz 12 anos e cada vez mais gente lhe pede ajuda no meio desta "crise infeliz"

13 abr, 2023 - 05:00 • Redação

Depois da pandemia, é agora a inflação que “conduz mais gente” à ReFood no contexto de um aumento de preços “silencioso e invisível”, destaca o fundador, Hunter Halder.

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Num ano marcado pelo aumento do custo de vida, são cada vez mais as pessoas que precisam de ajuda como a que é prestada pela ReFood, que nasceu há 12 anos em Lisboa com o intuito de combate o desperdício alimentar, procurando comida que sobra para (re)preparar e servir a quem mais precisa.

Quem o admite é Hunter Halder, fundador da ReFood, que em entrevista à Renascença, sublinha que "há muita gente que estava a aguentar economicamente e que, de repente, já não tem condições" no contexto da inflação.

O caráter “silencioso e invisível” do aumento dos preços está a “tocar-nos na capacidade de compra”, levando “bastante mais pessoas a precisar da ajuda da ReFood e de outras entidades, como o Banco Alimentar”, explica.

O fundador da ReFood fala numa "crise infeliz", que compara à pandemia de Covid-19, embora faça uma distinção clara: em tempos pandémicos "houve mais respostas" das autoridades e da sociedade para "ajudar a fazer a diferença", algo que agora não se verifica. "A inflação não é algo que mobilize a sociedade" da mesma forma, defende.

Da pandemia, Hunter recorda como a recolha de alimentos se tornou difícil com os restaurantes a fechar. Mas a necessidade aguçou o engenho e levou a ReFood a aumentar os seus parceiros de distribuição, incluindo supermercados e refeitórios, para construir "uma base forte, uma fonte de alimentos" que hoje permite "não sentir significativamente" o impacto do fecho de cada vez mais restaurantes.

12 anos de ReFood

O movimento ReFood nasceu a 9 de março de 2011, com um voluntário e 30 restaurantes que doaram comida para ajudar “cerca de 50 pessoas”. Doze anos depois, são 8 mil os beneficiários da Refood, isto é, “pessoas que precisam de reforço alimentar e recebem comida para todos os dias, com o objetivo de assegurar a sua nutrição”.

O fundador do movimento confessa que, em 2020, houve uma “ligeira baixa” no número de refeições servidas, “por causa da transição de fontes de alimentos”. Em 2021, o número voltou a subir e entregaram mais de dois milhões e 300 mil refeições, um número que tem vindo a aumentar todos os anos.

“Estamos a falar em milhões de refeições, todos os anos. Há uma ligação direta entre o número de refeições resgatadas e servidas e o volume do desperdício evitado. Sendo que cada refeição é 500 gramas, então, quando resgatamos dois milhões e 300 mil refeições, estamos também a evitar 1.250 toneladas de biorresíduos que não entram no sistema para poluir o ambiente.”

A ReFood não impacta só a vida dos beneficiários. Do outro lado, de quem ajuda, também há mudanças positivas. A organização conta com 7.500 voluntários a trabalhar ativamente em 64 núcleos em Portugal e dois em Espanha.

“Notamos níveis de felicidade, de propósito e de realização nos nossos voluntários. É importante lembrar que voluntariado é só metade da frase, é trabalho voluntariado. São pessoas que saem do seu trabalho e, em vez de irem para casa, fazem duas horas de voluntariado na sua comunidade para ajudar os outros”, sublinha.

Foodstock promete servir 4 mil refeições por dia

Para celebrar os 12 anos, a ReFood organiza, pela primeira vez, o FoodStock, que arranca com a exposição “Sobreviver”, patente do dia 11 ao dia 19 de abril na Estufa Fria, em Lisboa.

De 20 a 23 de abril acontecem os “três dias intensivos de FoodStock”, no Pavilhão Carlos Lopes, também em Lisboa. O evento conta com uma conferência relativa à exposição “Sobreviver” e com concertos de vários artistas, incluindo os Saint Dominic 's Gospel Choir, Diogo Piçarra, The Black Mamba, HMB, David Carreira, entre outros.

Em paralelo, há a atividade “Uma mesa para 12 mil”, uma iniciativa para servir 4 mil refeições por dia do início ao fim do evento.

“As 12 mil refeições que temos a ambição de servir, 4 mil por dia, serão transformadas a partir de comida em fim de prazo de validade. Vamos evitar desperdício alimentar, resgatar esta comida e servir com a ajuda de chefs conceituados , escolas de hotelaria e parceiros de doação de comida”, explica Hunter à Renascença.

O fundador diz que o objetivo é mostrar que “a comida é preciosa até ao fim da sua vida” e que “somos todos iguais e sentamos-nos à mesma mesa, em conjunto.”

Esta é a primeira edição, mas “os temas da sustentabilidade, da solidariedade e da inclusão não vão ser resolvidos rapidamente”. Por isso, adianta Hunter, o objetivo a partir de agora é repetir o FoodStock de dois em dois anos.

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