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Investigadora que acusa Boaventura revela identidade

14 abr, 2023 - 22:49 • Redação

Bella Gonçalves, deputada estadual em Minas Gerais e antiga investigadora no Centro de Estudos Sociais (CES), é uma das três mulheres que acusa Boaventura de Sousa Santos de assédio sexual.

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Bella Gonçalves, deputada estadual em Minas Gerais e antiga investigadora no Centro de Estudos Sociais (CES), é uma das três mulheres que acusa Boaventura de Sousa Santos de assédio sexual. A revelação da identidade foi feita pela própria numa publicação nas redes sociais e também em declarações a diferentes órgãos de comunicação.

“É muito doloroso ter que reviver momentos que eu gostaria de apagar de minha memória. Foram anos de silêncio que se encerram agora. Nesta semana, tornaram-se públicos diversos casos de assédio envolvendo o professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Souza Santos. Decidi me somar a esta iniciativa tão importante e relatar também o caso que sofri, e que poderia ter custado o meu doutorado (o que não aconteceu, graças ao meu esforço). Sou uma das mulheres que sofreram assédio sexual por parte deste pesquisador”, escreveu no “Instagram”.

Em comunicado, Boaventura de Sousa Santos anunciou, também esta sexta-feira, a decisão de se afastar das atividades do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.

“Tal decisão tem o objetivo de garantir que a instituição possa fazer, com toda a independência que necessária, as averiguações das informações apresentadas e dar consequência ao processo de apuração interna a partir da comissão independente estabelecida, sem que haja qualquer interferência de qualquer parte”, justificou.

Esta notícia surgiu poucas horas depois do CES ter anunciado a suspensão do docente acusado de assédio sexual.

Em comunicado na sua página, o CES revelou que foi constituída uma comissão independente para averiguar os casos e refere que "durante este processo e até ao apuramento de conclusões", Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins "se encontram suspensos de todos os cargos que ocupavam".

Boaventura de Sousa Santos era atualmente diretor emérito do CES e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, enquanto Bruno Sena Martins é investigador.

O sociólogo e professor catedrático foi visado num artigo em que de usar o seu poder sobre jovens estudantes e investigadoras para "extrativismo sexual".

As autoras do artigo, a belga Lieselotte Viaene, a portuguesa Catarina Laranjeiro e a norte-americana Myie Nadya Tom, estiveram no CES como, respetivamente, investigadora de pós-doutoramento (com uma bolsa Marie Curie) e estudantes de doutoramento.

As agora ex-alunas do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra alegam terem sido vítimas de assédio sexual e moral. As investigadoras, uma portuguesa e duas estrangeiras, relatam através da obra os episódios vividos, desde toques nos joelhos a convites como troca de ajuda académica. O artigo do livro acusa também a instituição de silenciamento e cumplicidade.

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