14 abr, 2023 - 05:02 • André Rodrigues com Lusa
O tabuleiro inferior da Ponte Luiz I, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, reabriu ao trânsito esta sexta-feira, minutos depois das 10h00, após cerca de um ano e meio de encerramento para obras de reparação da estrutura.
No entanto, a reabertura não foi para todos: automobilistas de viaturas particulares e motoristas de autocarros turísticos desconheciam que a retoma da circulação só iria contemplar transportes públicos, veículos prioritários, táxis, velocípedes e peões.
Minutos antes das 10:00, alguns automobilistas e, até, um autocarro em serviço ocasional de transporte de turistas parou à entrada da ponte do lado de Gaia, no momento em que os agentes da Polícia Municipal retiravam as barreiras para proceder à reabertura do tabuleiro.
Mas, informados da impossibilidade de passar para o lado de lá, deram meia volta e tiveram de rumar ao Porto pela Ponte do Infante que durante os 18 meses de intervenção na Luiz I foi a alternativa mais próxima a quem circulava entre os centros do Porto e de Gaia.
A decisão, surpreendente para quem só esta manhã tomou conhecimento das restrições, foi revelada à Renascença pelo comandante da Polícia Municipal do Porto, Leitão da Silva, e confirmada por fonte do gabinete de Rui Moreira que disse que a decisão de restringir a circulação no tabuleiro inferior da Luiz I "foi tomada pelas direções municipais de trânsito" das duas cidades que partilham a ponte.
Depois de várias dezenas de peões e ciclistas terem realizado a travessia da ponte ainda antes das 10:00, e debaixo de chuva intensa, o primeiro veículo motorizado a passar do Porto para Gaia foi um autocarro da STCP. O relógio marcava 10:19. Destino: Madalena, via Ponte Luiz I.
No dia 5 de abril, fonte oficial da Infraestruturas de Portugal (IP) confirmou à Lusa a data e hora de reabertura da travessia após as obras de reabilitação da ponte, que se iniciaram em outubro de 2021 e tiveram uma 'derrapagem' no prazo e nos custos.
Em outubro de 2021, a IP anunciou que a ponte engenhada por Théophile Seyrig, colaborador de Gustave Eiffel, aberta em 1886, seria alvo de obras de reabilitação com a duração de cerca de um ano.
Porém, em setembro do ano passado, a IP admitiu que a execução da obra se atrasaria até março deste ano, prazo que também acabou por resvalar em duas semanas.
Segundo disse à Lusa a responsável da IP pela fiscalização da obra, Joana Moita, no dia 15 de março, os atrasos deveram-se à descoberta de mais problemas na estrutura da ponte face aos inicialmente previstos.
"Só após a decapagem da pintura aqui da ponte pudemos verificar que havia mais anomalias do que aquelas que estávamos a contar, e que estavam previstas no projeto. Tivemos que rever o projeto e colocar mais chapa, mais cantoneiras, e isso claro que atrasa a obra", justificou.
O custo da obra, inicialmente estimado em 3,3 milhões de euros, acabou por ficar nos 4,2 milhões, tanto devido à intervenção mais complexa do que o esperado, mas também devido à crise das matérias-primas, ligada à guerra na Ucrânia, segundo a mesma responsável.
A responsável estimou que a intervenção dure, para que não seja precisa uma nova durante "pelo menos 30 anos ou mais".
Segundo comunicou a IP em outubro de 2021, a empreitada visou reparar um conjunto de anomalias identificadas, a maioria das quais relacionada com a corrosão superficial de elementos metálicos, bem como outras que viriam a ser identificadas no decorrer das obras.
[Notícia atualizada às 12h34 de 14 de abril de 2023]