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Governo com “pouca abertura” para resolver problemas da PSP, diz sindicato

21 abr, 2023 - 14:44 • Cristina Nascimento

Sindicato dos Profissionais da Polícia entregou ao Governo um caderno reivindicativo, no dia em que passam 34 anos do protesto de polícias que ficou conhecido como “secos e molhados”.

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O Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP) acusa o Governo de “pouca abertura” para atender as reivindicações dos polícias.

A queixa fez-se ouvir à porta da Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, onde esta manhã realizou-se uma manifestação simbólica para assinalar os 34 anos do protesto realizado no Terreiro do Paço que ficou conhecido como “secos e molhados”.

Paulo Macedo, presidente do SPP, entregou um documento com várias queixas, mas não se mostrou otimista quanto à hipótese de serem atendidas.

“Temos algumas reuniões durante o ano, poucas. Não há abertura por parte do Governo para negociar nenhuma destas situações: o direito à greve, o direito à pré-aposentação de acordo com o Estatuto que está aprovado, devia ser cumprido, mas não está a ser cumprido”, denunciou Paulo Macedo.

O dirigente sindical destacou ainda a necessidade de rever a remuneração de um polícia que, diz, “é muito baixa”.

“Todos os polícias, quando entram na instituição iniciam a sua a sua atividade em Lisboa. Os quartos e as em Lisboa são muito caras. Um polícia a ganhar 800 e poucos euros não tem condições para pagar uma casa, em Lisboa, quando muitas vezes tem vida e família constituída noutras partes do país”, explica.

“Temos uma panóplia de problemas que o Governo, com maioria absoluta, não está a querer resolver”, reforça.

Paulo Macedo assegurou ainda que o SPP vai dar início a uma ronda junto dos grupos parlamentares para dar a conhecer o caderno reivindicativo das estruturas sindicais e garantiu que vão “continuar a lutar”.

Luta sindical “recuou 30 anos”

Entre os cerca de 20 a 30 polícias presente na manifestação simbólica desta sexta-feira estava António Ramos, um dos seis polícias que há 34 anos foi detido no Terreiro do Paço, nos secos e molhados.

Questionado sobre o que se ganhou ou perdeu nestas mais de três décadas, António Ramos começou por enaltecer que se “ganhou muito”, lembrando que, na PSP, o “movimento sindical foi um processo muito complicado, clandestino”.

“Eramos o único país da Europa onde a polícia não tinha liberdade sindical”, recordou.

António Ramos considera que foi feito “muito trabalho” e foram alcançadas “melhores condições de trabalho” e “melhores salários”.

No entanto, acrescenta, “muitas coisas estão a perder-se, é com grande tristeza que estou a ver que estamos a recuar 30 anos”.

O antigo sindicalista referia-se à lei sindical aprovada em 2020 que, segundo António Ramos, “não tem força nenhuma” e representa “um recuo de 30 anos”.

António Ramos quis então “apelar à juventude, aos jovens polícias nas esquadras” que, diz, “estão um bocado alheados do sindicalismo”.

“Se eles hoje têm o que têm, deve-se a muito esforço e a muito sacrifício. Houve homens que foram expulsos da polícia por atividade sindical”, lembra.

“Os jovens devem ter consciência de classe e lutar porque as coisas não caem do céu”, remata.

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