22 abr, 2023 - 20:09 • Lusa
Cerca de 50 pessoas participaram hoje à tarde, em Faro, numa manifestação de apoio à médica interna que denunciou alegados casos de erros e de negligência no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.
Na concentração convocada por um movimento de apoio à médica Diana Pereira, que ganhou dimensão nas redes sociais, os participantes exibiram faixas e cartazes onde se lia: "Quanto barulho cabe no silêncio" e "Defender para proteger".
A concentração iniciou-se pelas 17:00, junto à igreja de São Luís, nas imediações do Hospital de Faro, tendo os manifestantes seguido depois num cordão humano, em silêncio, que circundou a unidade hospitalar.
Cerca de uma hora depois, as cerca de 50 pessoas pararam junto à entrada principal do Serviço de Urgência do hospital onde cumpriram um minuto de silêncio "por todos os doentes ali hospitalizados".
Nídia Silva, uma das organizadoras do evento, disse à agência Lusa que a manifestação "teve como objetivo, mostrar a gratidão para com a médica, que teve a coragem de denunciar 11 casos ocorridos na unidade hospitalar".
"A manifestação que surgiu da vontade espontânea de um grupo de cidadãos, pretende agradecer a coragem da doutora Diana, ao denunciar aquilo que outros não têm coragem de fazer", apontou.
Diana Pereira foi ouvida no no âmbito do inquérito(...)
Nídia Silva fez questão de destacar "que o protesto é de cidadãos para cidadãos e não é contra os profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, mas sim pela coragem demonstrada por Diana Pereira e contra o mau serviço hospitalar".
"Os médicos são humanos e erram, mas há que admitir os erros e cabe à administração corrigir as situações que não estão bem", notou.
Aquela organizadora adiantou que esperava a participação de mais pessoas, "já que a página na rede social Facebook criada para apoiar a médica, tem mais de 800 seguidores".
"Pelo apoio que foi demonstrado para a convocação da manifestação esperávamos muito mais pessoas. Infelizmente, isso não aconteceu, mas foram poucos e bons", concluiu.
No início deste mês, a médica denunciou 11 alegados casos de erros e de negligência no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, ocorridos entre janeiro e março, tendo apresentado queixa na Polícia Judiciária contra o seu ex-orientador de formação e o diretor do serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.
De acordo com Diana Pereira, dos 11 casos reportados, três dos doentes morreram, dois encontravam-se internados à data da denúncia internados nos cuidados intermédios e os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen, adiantou.
Entretanto, a médica - que foi ouvida na quarta-feira passada no Hospital de Portimão no âmbito do inquérito interno instaurado pelo Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) -, pediu a suspensão do internato médico de formação específica de Cirurgia Geral, medida que está prevista na lei, enquanto decorrem os processos de averiguações aos casos reportados.
O Ministério Público também instaurou um processo para averiguar as denúncias feitas por Diana Pereira e a Ordem dos Médicos anunciou a criação de uma comissão técnico-científica de peritos, médicos independentes, para avaliar os casos reportados.