23 abr, 2023 - 13:25 • Lusa
A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou este domingo o "silêncio ensurdecedor" do primeiro-ministro em relação às questões associadas à TAP, salientando que "já nem se pode escudar" nas explicações de nenhum ministro.
"Este é mesmo o momento em que o primeiro-ministro tem de começar a dar explicações ao país num dossier em que julgo que estamos chocados, e que todo o país fica chocado, com a incompetência, irresponsabilidade e leviandade com que se tem tratado uma empresa estratégica para Portugal e que implica milhões de euros para o país", acrescentou.
A coordenadora bloquista falava aos jornalistas numa conferência na sede nacional do BE, em Lisboa, para anunciar que, na segunda-feira, o partido vai apresentar no parlamento um projeto de resolução para a Proteção dos Rendimentos Face à Inflação e Rejeição do Programa de Estabilidade 2023/27, apresentado pelo Governo no dia 17 deste mês.
"Consideramos que o plano do Governo para o país empobrece a população e desprotege os serviços públicos em Portugal", afirmou Catarina Martins.
Questionada sobre as palavras do Presidente da República, em que Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que pode haver boas e más notícias em relação a uma eventual dissolução do Governo, Catarina Martins referiu que, apesar de não ser "nem comentadora nem descodificadora do chefe de Estado, o facto é que existe um executivo "que está envolvido em inúmeros casos que são graves".
"Temos o caso de ministros que dão versões contraditórias no parlamento em `dossiers` que envolvem milhões de euros, como a TAP, em que o primeiro-ministro é incapaz de explicar, afinal, quem é que tem razão, se é a ministra Mariana Vieira da Silva, se é a ministra Ana Catarina Mendes, que diz que há pareceres jurídicos que não se mostram, ou se é o ministro das Finanças que diz que esses pareceres nem sequer existem", sustentou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Para Catarina Martins, este é "apenas um dos múltiplos casos" em que se nota que a causa pública "não é tratada da forma que exige a democracia e a ética republicana", que tem provocado instabilidade no país, agravada com os problemas na educação, saúde, forças de segurança e justiça.