10 mai, 2023 - 22:14
O administrador operacional da TAP, Ramiro Sequeira, disse, esta quarta-feira, que o novo presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva, Luís Rodrigues, informou a equipa sobre uma possível reestruturação da estrutura executiva.
"Foi-nos dada a conhecer uma possível reestruturação da Comissão Executiva e, nesse sentido, o que lhe posso dizer é que estamos em conversas, o acionista, o CEO [Luís Rodrigues] e eu", respondeu Ramiro Sequeira ao deputado social-democrata Hugo Carneiro, na comissão parlamentar de inquérito à TAP.
Segundo o Expresso, Ramiro Sequeira foi convidado a sair da Comissão Executiva, avançando ainda que poderá vir a ser substituído por Mário Chaves, braço direito de Luís Rodrigues na SATA e atual presidente da Portugália.
"Se eu estou de saída? Que eu saiba, não", respondeu o também antigo presidente executivo interino da companhia aérea.
Ramiro Sequeira é o último sobrevivente da equipa executiva original da ex-presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, eleita em assembleia-geral em 24 de junho de 2021, que era composta também por Alexandra Reis (saiu em fevereiro de 2022 e entrou para a equipa Sofia Lufinha em julho), Sílvia Mosquera (renunciou em março e sai em junho) e João Weber Gameiro (renunciou em outubro de 2021 e foi substituído por Gonçalo Pires).
O administrador assumiu o cargo de presidente executivo interino nos meses que separaram a saída de Antonoaldo Neves e a chegada de Christine Ourmières-Widener, tendo estado presente em algumas reuniões técnicas sobre o plano de reestruturação que viria a ser aprovado no final de 2021.
Questionado pelo deputado socialista Hugo Carvalho sobre qual era a alternativa àquele plano, que envolveu despedimentos e cortes salariais, Ramiro Sequeira disse que "era o fecho da companhia", tendo em conta a "queima de caixa" diária de cerca de 80 milhões de euros, durante as restrições à mobilidade devido à pandemia.
Já sobre a venda da TAP à concorrente espanhola Iberia, o administrador não quis falar sobre companhias concretas, mas disse apenas que, do ponto de vista conceptual, não é "tão linear assim" que a proximidade das operações seja prejudicial à companhia.
Ramiro Sequeira lembrou que um dos maiores ativos de uma companhia aérea são os "slots" (faixas horárias), que, se forem respeitados, não podem lhe podem ser retirados.
Questionado sobre a recuperação do setor da aviação, afetado fortemente pela pandemia, Ramiro Sequeira alertou que as companhias aéreas têm de estar "à cautela se esse "boom" [das viagens] é sustentável, ou se pelo menos se vai manter, ou se questões como a inflação" se vão refletir na disponibilidade financeira das pessoas para viajar.
Na audição que durou cerca de quatro horas, Ramiro Sequeira adiantou ainda que ativou o seguro específico para administradores, após consultar a TAP e a própria seguradora, apenas para apoio jurídico, "perante a evidência de ser chamado" à comissão de inquérito.
O administrador disse ainda que não esteve envolvido no relatório sobre possíveis custos acrescidos no contrato de "leasing" de aviões, negociado por David Neeleman, nem conhece o relatório.
Já relativamente aos contratos para serviços num valor superior a cinco milhões de euros, Ramiro Sequeira confirmou que o departamento jurídico alertou para a necessidade de estarem sujeitos a visto prévio do Tribunal de Contas e que a situação está a ser regularizada.
Em resposta ao deputado da IL Bernardo Blanco, sobre a privatização, Ramiro Sequeira referiu que, de acordo com o seu conhecimento, o processo "ainda não começou oficialmente", explicando que quando a CEO era Christine Ourmières-Widener "o processo estava centralizado nela e no CFO".
Recusando ter sentido interferência ou pressão política no desempenho dos cargos na TAP, o administrador confirmou que em junho de 2021 assinou pelo lado da TAP, conjuntamente com Alexandra Reis, o contrato de Christine Ourmières-Widener.
"Eu não estive em nenhuma negociação desse contrato que foi exclusivamente feita entre o acionista e a antiga CEO. Tudo o que foi acordado vinha com o aval e com a participação e ação do acionista e portanto entendi que não teria que questionar essa parte", respondeu, quando questionado sobre a permissão de não haver exclusividade da antiga administradora executiva.