11 mai, 2023 - 09:54 • Lusa com redação
Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) revelaram, esta quinta-feira, que descobriram uma molécula presente nas células do cancro gástrico associada a "maior invasão tumoral" e a um "pior prognóstico dos pacientes".
Trata-se da molécula Syndecan 4 que, segundo a investigação, publicada na revista científica PNAS, atua como um "novo maestro" na comunicação das células de cancro do estômago.
Em comunicado, o Instituto da Universidade do Porto revela que a molécula é transportada por vesículas extracelulares produzidas pelas células tumorais e direciona estas vesículas para o fígado e pulmão, órgãos onde "é comum aparecerem metástases de cancro do estômago".
As descobertas contribuem para a "compreensão de um novo mecanismo de comunicação das células tumorais", ao identificar um "potencial alvo" para desenvolver terapias direcionadas para travar a metastização, destaca o instituto.
Uma equipa do i3S, liderada por Ana Magalhães, já tinha identificado que a infeção com estirpes mais patogénicas da bactéria "Helicobacter pylori" - fator de risco para o desenvolvimento de cancro gástrico - causavam "um aumento" da Syndecan 4. .
"Recorremos então a amostras de tumores gástricos de pacientes do IPO [Instituto Português de Oncologia] e descobrimos que nestes tecidos esta molécula estava muito presente e que a sua presença estava associada a um pior prognóstico", refere, citada no comunicado, a investigadora do grupo "Glycobiology in Cancer", do i3S.
"Verificámos também que o Syndecan 4 está associado a uma maior capacidade de mobilidade e de invasão das células tumorais", adianta a primeira autora do artigo, Juliana Poças, esclarecendo que "se as vesículas extracelulares tiverem esta molécula serão internalizadas pelas células do fígado e dos pulmões, órgãos onde é comum aparecerem metástases do cancro do estômago".
"No entanto, quando removemos o Syndecan 4 das vesículas extracelulares verificamos que bloqueamos a sua entrada nas células do fígado e pulmões", acrescenta.
Estes dados "revelam o potencial desta molécula como um novo alvo terapêutico em oncologia de precisão para limitar a invasão do cancro gástrico e controlar a comunicação das células de cancro com a sua vizinhança próxima e à distância", destaca Ana Magalhães, notando que "esta molécula surge como um potencial biomarcador de pior prognóstico em cancro gástrico".
A investigação foi desenvolvida em parceria com a Fundação Champalimaud e em colaboração com o grupo de Patologia e Terapêutica Experimental do IPO-Porto. .