15 mai, 2023 - 06:57 • Anabela Góis , Pedro Valente Lima
O Hospital de Santa Maria vai participar num estudo clínico europeu que tem como objetivo identificar um maior risco de cancro da mama em mulheres jovens, abaixo da idade prevista nos programas de rastreio.
Portugal junta-se a Estónia e a Suécia no projeto BRIGHT - "Be RIGHT with breast cancer risk management" -, financiado em quase três milhões de euros pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia.
Em declarações à Renascença, o diretor do Departamento de Oncologia do Hospital de Santa Maria, Luís Costa, avança que a investigação assenta na realização de um teste de ADN a mulheres entre os 35 e os 50 anos sem historial de cancro da mama.
"Neste estudo, será oferecido um teste poligénico a mulheres entre os 35 e os 50 anos de idade que queiram participar, que vai classificá-las num risco baixo - portanto, igual ao da restante população -, ou risco muito elevado."
Mas afinal o que é o teste poligénico? Trata-se de um teste "feito através da colheita de saliva, que permite fazer análises ao ADN". Este método permitirá detetar o risco acrescido de cancro de vários fenótipos, sobretudo porque "o risco não é o mesmo em todas as mulheres".
O objetivo é avaliar a eficácia deste tipo de teste, de forma a "perceber se consegue oferecer uma oportunidade a mulheres jovens, que não estariam no âmbito do rastreio de cancro da mama, de saberem como é que devem ser acompanhadas, caso tenham um risco de cancro da mama pelo teste poligénico aumentado".
"Este teste é um instrumento auxiliar para classificar se a mulher está em risco mais elevado ou não", explica Luís Costa.
O projeto BRIGHT (Be RIGHT with breast cancer risk(...)
A organização do estudo estima que, em Portugal, participem entre 750 a mil voluntárias. As mulheres podem inscrever-se por telefone e terão uma consulta média e uma mamografia, para detetar quaisquer sinais de cancro da mama.
Em caso de diagnóstico favorável, a voluntária poderá prosseguir para a realização de um teste poligénico. O resultado é, posteriormente, comunicado à participante no estudo.
No entanto, se for detetado um nível de risco alarmante, a mulher terá a possibilidade de voltar a realizar "um exame mamário, para verificar que não tem cancro da mama". "Depois será dada essa informação para que a possa levar ao seu médico assistente - se possível médico de família -, sendo sugerido um plano de vigilância", salienta Luís Costa.
A apresentação pública do estudo em Portugal vai decorrer esta segunda-feira, a partir das 14h30, na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, no Hospital de Santa Maria.