18 mai, 2023 - 09:09 • Lusa
O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se esta quinta-feira em Lisboa com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, no âmbito da ronda que o dirigente norueguês está a realizar antes da cimeira da organização em julho, centrada no apoio à Ucrânia.
Na véspera da deslocação de Stoltenberg a Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, afirmou que a visita do secretário-geral da NATO iria debruçar-se sobre a Ucrânia, mas também iria abordar a presença e os "objetivos destabilizadores" da Rússia em África.
O chefe da diplomacia portuguesa disse ainda que Portugal continuará a apoiar a Ucrânia "nas quatro frentes [política, militar, económica e humanitária]", ainda que os 'stocks' portugueses não sejam "ilimitados".
Nas últimas semanas, Stoltenberg tem estado muito ativo na preparação da próxima cimeira da NATO, a decorrer nos dias 11 e 12 de julho em Vilnius, Lituânia, tendo já confirmado que a possibilidade da adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica será um dos pontos da reunião.
Esta é uma ideia acompanhada por vários Estados-membros da Aliança Atlântica, a começar pelos países nórdicos e pela Polónia, mas que ainda merece relutância de outros países da organização, incluindo Portugal, que receiam uma escalada do conflito em curso no território ucraniano, envolvendo os países do Ocidente e Moscovo.
Jens Stoltenberg tem encontro marcado com António (...)
Na segunda-feira, o secretário-geral da NATO manifestou-se favorável à concertação na próxima cimeira de um programa plurianual de apoio à Ucrânia que permita Kiev avançar para os padrões da organização, tanto em equipamentos quanto em doutrina militar, e assim tornar-se totalmente operacional com a Aliança.
Na última reunião do Comité Militar da NATO, em Bruxelas, Stoltenberg pediu a continuação do apoio à Ucrânia no conflito contra a Rússia e "coragem política" aos 31 aliados para aumentarem os gastos com defesa, num mínimo de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), e incrementar a produção de armas.
Nas declarações de segunda-feira, o secretário-geral da NATO voltou ao assunto e pediu que aquele valor indicativo "não seja um teto, mas um mínimo que todos os aliados devem fornecer imediatamente e não numa década".
Portugal foi o 9.º Estado-membro da NATO que menos percentagem do PIB dedicou à Defesa em 2022, embora se tenha aproximado ligeiramente da meta de 02% do PIB (1,38%) e preveja aumentar a despesa para 1,66% este ano - um objetivo que estava inicialmente traçado para 2024 -- e atingir os 2% até ao final da década.
Até ao fim de abril, os Estados-membros disponibilizaram à Ucrânia mais de 1.500 veículos blindados e 230 tanques desde o início da invasão da Federação Russa, em fevereiro do ano passado.
Estas quantidades, segundo Stoltenberg, "correspondem a 98% do equipamento prometido" às Forças Armadas da Ucrânia para ajudar a repelir a invasão russa, incluindo o envio de tanques modernos, como os alemães Leopard 2, de fabrico alemão, que Berlim estava relutante em autorizar, mas o que veio a acontecer, incluindo três veículos portugueses (a juntar a blindados M113, geradores elétricos, munições e viaturas de socorro), tal como os Challenger 2 do Reino Unido e futuramente os norte-americanos Abrams.
Contudo, o secretário-geral da Aliança Atlântica alertou para o perigo de "subestimar a Rússia", uma vez que "aquilo que está a falhar em qualidade" no campo de batalha, "está a compensar em quantidade", quando as autoridades de Kiev insistem que precisam de mais equipamento militar para iniciar a contraofensiva contra as linhas russas.
Um tema sensível que tem estado em foco nos últimos dias é a formação de pilotos ucranianos e o fornecimento de caças F-16 a Kiev, que países como o Reino Unido ou a Polónia estão prontos para avançar, mas que outros Estados-membros da organização, incluindo Portugal que possui estas aeronaves, estão hesitantes, receando uma escalada do conflito.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).