23 mai, 2023 - 13:30 • Liliana Monteiro , Marta Pedreira Mixão
Até quarta-feira, as autoridades portuguesas vão estar a realizar buscas na barragem do Arade, em Silves, a 50 quilómetros da Praia da Luz e do resort de onde Madeleine McCann desapareceu em 2007.
O local costumava ser frequentado por Christian Brueckner, atualmente o principal suspeito do desaparecimento de Maddie, de acordo com as autoridades alemãs.
Mas por que está a Polícia Judiciária (PJ) no terreno, de novo, à procura de pistas que ajudem a explicar o desaparecimento de Maddie?
Rogério Alves, advogado que representa o casal McCann, explica à Renascença que há vários indícios que tornam Christian Brueckner o principal suspeito do desaparecimento da criança inglesa.
“É um suspeito com consistência, porque, como é do conhecimento público e através daquilo que hoje em Portugal não poderia ser utilizado, que são os metadados, curiosamente ele foi identificado como estando perto do Ocean Club na data do desaparecimento da Madeleine McCann", explica o advogado.
"Isso poderá casar com uma informação que foi dada desde o início por uma testemunha ocular que afirmou, desde o início, também ter visto alguém transportar uma criança ao colo” nas imediações do resort, justifica.
“A polícia alemã está a tentar indagar, conhecendo nomeadamente o percurso criminal desta pessoa - que já tem condenações pela prática de crimes de teor sexual, de rapto e de sequestro -, que efetivamente tenha ou não mais alguma evidência sobre se ele terá a responsabilidade no que aconteceu.”
Apesar de em Portugal o processo estar prescrito, na Alemanha estes crimes não prescrevem, o que está na base destas novas buscas da PJ, a pedido das autoridades alemãs.
“O Ministério Público alemão tem dito repetidamente que entende que a Madeleine McCann está morta, embora não revele os factos com base nos quais exterioriza esta convicção”, refere Rogério Alves.
“A lei portuguesa tem também previsões semelhantes. Não há um critério estrito do território ou do local onde o crime foi cometido, releva também a nacionalidade do potencial criminoso ou do suspeito”.
Segundo o advogado, agora no terreno "procuram-se vestígios da presença do corpo naquele local, porque, segundo a investigação alemã, aquele local era muito utilizado por Christian Brueckner, digamos, para práticas de encobrimento e desenvolvimento de atividades criminosas".
"Há uma coisa que é indiscutível: este suspeito tem um passado criminoso, tem nomeadamente um passado de violação e é alguém que terá referido ter participado no rapto e subsequente homicídio de Madeleine McCann e é alguém que a investigação sabe que estava perto do Ocean Club."