24 mai, 2023 - 10:36 • João Cunha , com Pedro Valente Lima
Perante os problemas relatados pelos farmacêuticos sobre a falta de medicamentos generalizada, o Infarmed desdramatiza quaisquer alarmismos sobre a questão.
Em declarações à Renascença, Rui Santos Ivo, presidente da autoridade do medicamento, afirma que os casos "em que pode haver alguma maior dificuldade" são "situações bastante limitadas", sobretudo relacionados com o circuito de distribuição. "Não podemos dizer [que é um problema] de forma generalizada."
O dirigente recorda ainda que o Infarmed tem trabalhado para "minimizar quaisquer situações" de carência de fármacos: "Tivemos um ajustamento no regime de preços no início do ano, estamos a trabalhar na lista de medicamentos críticos, estamos a fazer um trabalho conjunto, a nível europeu, no sentido de reforçar a capacidade de produção".
Por outro lado, Rui Santos Ivo espera que "todos os agentes do circuito", como "farmácias, distribuidores, a indústria farmacêutica e a indústria de genéricos", contribuam para a mitigação do problema.
Relativamente à listagem de medicamentos essenciais, anunciada pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, em dezembro do ano passado, Rui Santos Ivo adianta que "será disponibilizada muito brevemente".
"Penso que vai ajudar a ultrapassar alguns destes constrangimentos. Penso que os portugueses têm essa perceção de que estamos a fazer tudo para que haja disponibilidade."
Esta quarta-feira, numa resposta enviada à Renascença, o gabinete do Ministério da Saúde mostrou estar em sintonia com o Infarmed, realçando "não ter conhecimento de falhas generalizadas a nível nacional, podendo ocorrer situações pontuais e localizadas".
As posições do ministério e da autoridade do medicamento contrariam as preocupações da Ordem dos Farmacêuticos, que, à Renascença, sublinha que Portugal "poderá ter de enfrentar uma crise de saúde pública" caso persista a falta de medicamentos.
"Continuamos com um número significativo de falhas no mercado. Nem todas são ruturas de stock completas, são dificuldades maiores das farmácias conseguirem aceder a estes medicamentos", alerta o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos.
Nesse sentido, Hélder Mota Filipe frisa ser necessário "rever a forma como os medicamentos estão a ser comparticipados e como é que se está a garantir o acesso dos doentes a estes medicamentos". "Quanto mais tarde fizermos isto, maior é a probabilidade para aumentar os problemas de acesso que já temos."