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Crianças vítimas de crime e violência apoiadas pela APAV aumentam 32% em 2022

01 jun, 2023 - 06:31 • Lusa

Aumento deverá ser resultado do desconfinamento, em que as crianças puderam regressar ao habitual contexto escolar, com maior supervisão de outras pessoas adultas, o que ajudou a "uma maior desocultação das situações".

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Quase 2.600 crianças e jovens vítimas de crime e violência foram apoiados em 2022 pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), mais 32% do que no ano anterior, disse esta quinta-feira à Lusa fonte da instituição.

Dados do estudo "Crianças e Jovens Vítimas de Crime e de Violência - Estatísticas 2022", a que a agência Lusa teve acesso esta quinta-feira, revelam que, das 2.595 crianças e jovens vítimas de crime e de violência apoiadas em 2022 pela APAV, cerca de 60% (1.560) eram raparigas e 38,9% (1.007) rapazes.

Carla Ferreira, assessora técnica da direção da APAV, destacou que muitas destas 2.595 crianças foram vítimas de vários tipos de violência diferentes, ou seja, o número de crimes cometidos contra os menores de idade é mais elevado do que o número das vítimas apoiadas pela APAV no ano passado.

"Temos mais crimes do que crianças vítimas, o que significa que há crianças que são vítimas de várias situações de violência diferentes, o que também é importante destacar. A violência doméstica pode levar-nos para situações de violência física, psicológica, mas também, por exemplo, situações de violência sexual, assim como o 'bullying'", explicou a especialista.

Entre os fatores que contribuíram para aumentar o número de pedidos de ajuda esteve o maior número de pedidos de ajuda à APAV para situações reportadas na linha Internet Segura, assim como o desconfinamento, que permitiu às crianças e jovens regressarem ao seu contexto habitual, de frequência escolar, com uma maior supervisão de outras pessoas adultas, o que ajudou a "uma maior desocultação das situações", acrescentou Carla Ferreira.

"As crianças [estiveram] num contexto em que se sentem mais confortáveis para poder revelar situações violentas, ao contrário daquilo que aconteceu em 2021 e em 2020, em que tivemos largos períodos de confinamento. Em 2022, isso já não se verificou."

Questionada pela Lusa sobre se as notícias sobre abusos sexuais na Igreja podem ter encorajado as pessoas a fazerem mais denúncias, Carla Ferreira admitiu que esse fator pode ter levado a "uma maior consciencialização da importância de estas situações serem desocultadas".

"Acredito que isso também possa ter [contribuído] para as pessoas dizerem: 'Não, eu sei de uma situação, não vou ficar com isto para mim, vou desocultar esta situação, vou pedir ajuda'", disse, admitindo que o caso tenha tido influência "como um movimento mais global, empoderando muitas mais pessoas a fazerem esses pedidas de ajuda ou denúncias".

Raparigas denunciam mais, rapazes sofrem em silêncio

Sobre o facto de mais de metade das crianças e jovens vítimas (60%) serem do sexo feminino, Carla Ferreira explicou que, "regra geral", há sempre mais meninas a serem vítimas num maior número de situações, por terem uma maior vulnerabilidade associada e por estarem mais capazes de denunciar, "tanto na violência doméstica, como na violência sexual, como nas situações, por exemplo, de 'bullying'".

A especialista explicou que a vulnerabilidade das meninas leva a uma maior tendência para reportar as situações, ao contrário dos rapazes, em que há "uma maior necessidade de ocultar as situações".

A especialista da APAV confirma "com certeza absoluta" que há muito mais situações - por exemplo, de 'bullying', de violência sexual e de violência doméstica - praticadas contra rapazes que não são reportadas.

"Isso já foi mais do que estudado e mais do que esmiuçado. Também tem a ver com aquilo que são os modelos societários e aquilo que é permitido, entre aspas, reportar. E aquilo que não se deve reportar e que deve ser resolvido em autogestão, digamos assim."

Os dados do recente estudo da APAV indicam que mais de metade das crianças e jovens vítimas 55,3% (1.434 casos) tinham entre os 11 e os 17 anos de idade, dando uma média de idade de 10 anos.

Haver mais casos de vítimas entre os 11 e 17 anos explica-se com a capacidade que a própria criança e ou jovem tem, ou não tem, de identificar uma situação de violência e conseguir verbalizá-la, fazendo o pedido de ajuda a pessoas que valorizem o pedido.

As crianças de quatro a cinco anos e os bebés têm mais dificuldade em verbalizar e identificar situações de violência, por isso os números de casos diminuem, o que não significa que não exista crime e violência contra essas crianças menores, justificou.

A segunda faixa etária em que se registaram mais casos de crime e/ou violência é entre os seis e os 10 anos de idade (25,7%), seguida dos zero aos três anos (11,7%), e depois entre os quatro aos cinco anos (7,3%).

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  • Anastácio José Marti
    01 jun, 2023 Lisboa 09:11
    O que podem esperar os cidadãos que recorram aos serviços da APAV, quando um trabalhador DEFICIENTE, àqueles serviços recorreu, apenas e só para lhes solicitar o apoio possível para pôr fim ao homicídio profissional de que ainda hoje é vítima pelo Estado português, e até hoje, 01/06/2023, não teve rigorosamente apoio algum, tendo os serviços daquela suposta instituição de solidariedade social, e os que assim a dirigem, optado pela cumplicidade e conivência politica, como se fosse ara isso que existem? Será para serem cúmplices de reais homicídios profissionais que a APAV existe? Como qualificar quem assim finge apoiar a população que àqueles serviços tem necessidade de recorrer, dando com gente que nem a sua própria palavra deu provas de saber respeitar e o que dizer da total falta de ética, dignidade profissional, falta de honestidade intelectual de brio profissional e de formação humana de todos e de todas que tendo conhecimento de tal homicídio profissional nunca nada souberam fazer para não serem, como sempre o foram, são e serão cúmplices das consequências de tal homicídio profissional para a vítima do mesmo que é um cidadão nacional, europeu e DEFICIENTE.

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