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Ministro da Educação

Ministro preocupado com "transição política". "Salvar a democracia tem a ver com formar jovens"

01 jun, 2023 - 14:04 • Ricardo Vieira

João Costa deixou o alerta na Conferência "Mundo em transição - O poder dos jovens na mudança global", uma iniciativa da Renascença em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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O ministro da Educação está preocupado com "transição política", em tempos de populismo e desinformação, e defende que "salvar a democracia tem a ver com formação dos jovens".

João Costa deixou o alerta na Conferência "Mundo em transição - O poder dos jovens na mudança global", realizada esta quinta-feira, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, uma iniciativa da Renascença em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

"Nestes tempos estranhos que vivemos, aquilo a que eu chamaria a transição política, falo do que estamos a assistir por todo o mundo ocidental, em particular, que é uma emergência muito rápida de radicalismos, de populismos, muito assente em desinformação e que nos fazem, por vezes, sentir esta urgência de salvar as democracias", disse o governante.

Para João Costa, "preservar a qualidade das democracias, e salvá-las, tem tudo a ver com a formação dos jovens".

"Manifestem-se, mas participem"

O ministro da Educação recordou na sua intervenção um pedido que fez a um grupo de jovens das iniciativas da Ação Climática: "sim, manifestem-se, mas participem".

Além dos protestos na rua e nas redes sociais, os jovens devem estar representados nos diversos patamares do poder, onde as decisões são tomadas, para conseguirem fazer a diferença.

"Entendam que os níveis de participação democrática passam por vocês se apresentarem em listas para as assembleias de freguesia, câmaras municipais, para serem deputados, governantes, porque é aí que vocês vão mesmo ser capazes de agir perante aquilo que é preciso fazer", sustentou.

Na Conferência "Mundo em transição - O poder dos jovens na mudança global", João Costa disse que é preciso também "contrariar uma tendência ultraindividualista" que tem vindo a crescer.

O papel dos governantes é "responder às preocupações dos jovens, não sermos condescendentes, não sermos paternalistas, mas mostrarmos que temos resposta. E, por outro lado, estimular os jovens para uma participação democrática e inteligente para nos ajudarem a decidir melhor".

O "ramerrame" dos jovens de hoje...

O ministro da Educação diz que é preciso acabar com o discurso depreciativo em relação às novas gerações.

"Quando olho para a expressão 'o poder dos jovens', vem-me à mente a necessidade que temos, enquanto país, de contrariar aquela frase que começa sempre com: 'os jovens hoje...', e depois vem sempre uma frase catastrófica sobre os jovens hoje", defende.

"Nestes sete anos de governo constatei, através dos meus contactos, que não há evidências que suportem esse 'ramerrame' dos jovens de hoje", sublinha.

No âmbito do movimento de transformação da educação, o ministro destaca "uma dimensão muito importante, que tem a ver com a participação dos jovens nos processos educativos".

"Os alunos, os jovens são bons, têm boas opiniões, vale mesmo a pena ouvi-los. Os decisores políticos, quer ao nível da escola ou de um ministro, temos o olhar dos jovens sobre o que se passa na escola e nas suas vidas", argumenta.

Transição digital e ética

O ministro da Educação falou também do desafio da transição climática e da transição digital, nomeadamente devido à rapidez com que a mudança está a acontecer.

É preciso combater os fenómenos de bullying digital e apostar na "ética da interpretação", para formar "um cidadão crítico perante o que me chega ao écran" do telemóvel ou do computador, assinala.

"A relação digital tem características muito diferentes da relação cara a cara e, às vezes, o distanciamento traz desumanização e vemos isso nos fenómenos de bullying em contexto escolar", adverte o ministro da Educação.

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