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Internamentos sociais sobem 60% e podem custar mais de 226 milhões ao Estado

02 jun, 2023 - 07:00 • João Malheiro

Relatório indica que os internamentos sociais representavam, em março, 9,4% do total dos internamentos nos hospitais públicos.

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Os internamentos sociais em março subiram 60% face ao período homólogo do ano passado. São cerca de 1.675 pessoas internadas de forma inapropriada nos hospitais portugueses.

Os dados são do sétimo Barómetro de Internamentos Sociais, realizado pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) em parceria com a EY e com o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) e conhecido esta sexta-feira.

O relatório indica que os internamentos sociais representavam, em março, 9,4% do total dos internamentos nos hospitais públicos. Estes internamentos devem acabar por ter um custo ao Estado superior a 226 milhões de euros, em 2023.

Lisboa e Vale do Tejo (34%) e Norte (45%) são as regiões com maiores taxas de internamentos inapropriados, sendo responsáveis, em conjunto, por mais de oito em cada dez casos de pacientes internados nesta circunstância.

"Os dados dão conta de um total de 102.807 dias de internamentos inapropriados (mais 228% face à sexta edição do Barómetro), um número que espelha o elevado impacto deste fenómeno no prolongamento da ocupação das camas em ambiente hospitalar, assim como no aumento dos tempos de espera para internamentos programados, resultando na degradação dos cuidados de saúde", diz o levantamento da APAH.

Os internamentos sociais ou inapropriados são casos em que os doentes permanecem no hospital depois de receberem alta médica, ou seja, quando a sua permanência no hospital já não é clinicamente justificável, mas socialmente necessária.

Em muitos casos, os utentes não têm condições para regressar ou permanecer nas suas casas, seja por não terem autonomia suficiente - por não estarem em condições de cuidarem de si próprios -, seja por ausência de suporte familiar ou de uma rede de apoio.

Segundo o barómetro da APAH, a falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi apontada como responsável por metade dos casos. No entanto, quando se analisa o aumento dos dias de internamento inapropriados, a principal causa passa a ser a não obtenção de vaga atempada em lares e outras estruturas residenciaIs para idosos (ERPI).

"Temos mais doentes a aguardar vaga na RNCCI, mas aqueles que aguardam por vaga em ERPI aguardam mais tempo. Na mais recente análise, este fator explica 49% dos internamentos injustificados, estando entre as principais causas referidas em todas as regiões do país", refere a APAH.

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  • Anastácio José Marti
    02 jun, 2023 Lisboa 10:26
    É inadmissível que em pleno século XXI, o país continue a não ter um conjunto de lares, dignos desse nome, legais, para ter onde colocar todos aqueles e aquelas que sendo abandonados pelos familiares, passam os últimos dias das suas vidas em plenos hospitais a ocuparem camas necessárias para vários outros utentes serem assistidos e que não o são por causa desta desorganização e falta de investimento. O que precisa o Governo e os que dizem tutelar a Segurança Social para fazerem esse investimento e oferecerem aos portugueses a qualidade de vida e a dignidade humana de que necessitam e merecem? Se juntarmos ás dezenas que assim enchem os hospitais, todos aqueles e aquelas que nas suas casas, em total solidão, com necessidades especiais, seja de higiene, apoio afetivo ou outro que a solidão lhes impõe, não teriam outra dignidade humana nesses tais lares que não existem mas de que há décadas o país necessita e os portugueses também? Mal dos portugueses e portuguesas que continuam entregues a si próprios, num país como este exemplo disso faz prova, continua a ter instituições que não funcionam, pois nunca responderam às necessidades por incompetência e irresponsabilidade dos que as fingem dirigir, que estão muito mais preocupados com o seu bem estar pessoal e nunca com o bem estar da população que necessita e tem o direito a ser apoiada, direito esse que ainda hoje lhes é assim imoral, olegal e desumanamente negado.

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