03 jun, 2023 - 14:17 • Henrique Cunha
O número de crianças e jovens ao cuidado do Estado e que estão em famílias de acolhimento continua muito reduzido. De acordo com os dados do Instituto de Segurança Social (ISS), divulgados recentemente pelo JN, no final do ano passado havia 278 crianças colocadas em 211 famílias, o que representa 4,4 % do total de 6369 menores que estavam à guarda do Estado em finais de 2021.
Fernanda Salvaterra do Instituto de Apoio à Criança (IAC) acredita que esta realidade vai mudar em Portugal porque "é fundamental dar resposta aos superiores interesses de uma criança que é o de crescer numa família". Em declarações à Renascença, a Investigadora no IAC diz que “ainda não temos famílias em número suficiente para dar resposta às necessidades”, mas considera que “estamos numa altura de viragem e quer a Santa casa da Misericórdia, quer o Instituto de Segurança Social estão a tentar angariar mais famílias de acolhimento e acredito que a realidade esteja a mudar". "Se calhar não tão rapidamente como a gente desejaria”, acrescenta.
A responsável acredita que a realidade atual resulta da pouca divulgação, de falta de incentivos a este tipo de acolhimento temporário e defende a necessidade de haver um Estado mais pró-ativo. “O Estado precisa de dinamizar esta resposta e continuar a estudar melhor a possibilidade de haver uma transição entre acolhimento familiar e a adoção. Ou seja, uma família que acolheu eventualmente mais tarde poder adotar”. Contudo, Fernanda Salvaterra sublinha que “são questões complexas que não podem ser consideradas em função de quem quer adotar ou acolher, mas em função do que é mais importante para a crianças, e o mais importante para a criança é não haver quebras afetivas”.
Para divulgar o acolhimento familiar e debater o tema, o Instituto de Apoio à Criança está a preparar para dia 22 de junho um encontro na Fundação Gulbenkian. “É um encontro para debater o estado do acolhimento familiar em Portugal e vamos também dar conta de novas iniciativas que também já estão a acontecer”, revela a responsável no Instituto de Apoio à Criança.