07 jun, 2023 - 08:45 • Hugo Monteiro , Pedro Valente Lima
Os 10 maiores poluidores do país aumentaram as respetivas emissões de carbono em 18% de 2021 para 2022. A maioria refere-se à refinação do petróleo, produção elétrica, indústria cimenteira e companhias aéreas.
À Renascença, Francisco Ferreira, da Associação Zero, fala de um "risco dramático", sobretudo quanto aos objetivos europeus de redução das emissões de carbono em 55% até 2030.
"Precisamos de reduzir as nossas emissões em cerca de 4% ao ano entre 2021 e 2030. Se nós temos as 10 principais empresas, instalações, a subirem 18% entre 2021 e 2022, este é um sinal contrário."
De acordo com o comunicado da mesma organização ambientalista, que reúne dados do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), a Refinaria de Sines volta a liderar a lista das maiores poluidoras no país, com um aumento de 16% entre 2021 e 2022, o que se traduz numa emissão de quase 2,7 milhões de toneladas de carbono emitidas - ou seja, 5% das emissões de Portugal em 2021.
Francisco Ferreira percebe que a unidade absorveu a refinaria de Matosinhos, mas revela-se "surpreendido pelo aumento verificado": "Certo que [a refinaria de] Matosinhos foi encerrada, mas surpreende-me que, efetivamente, nós estejamos a funcionar ao contrário daquilo que seria uma natural descarbonização".
O presidente da Zero aponta ainda para o ainda reduzido "investimento na mudança de paradigma" de parte da Galp: "O investimento nas renováveis é metade do dinheiro que continua a ser investido em extração de petróleo e gás natural e na sua refinação".
Segundo a mesma nota da associação ambientalista, o "top 10" contém ainda empresas da indústria do cimento, centrais de produção termoelétrica e a gás natural fóssil, uma petrolífera e uma companhia aérea: a TAP.
O regresso da transportadora aérea nacional ao ranking vem na sequência da retoma dos voos pós-pandemia, apresentando, em 2022, o dobro das emissões emitidas em 2021.
Francisco Ferreira diz "ser de esperar", devido à recuperação da pandemia, mas está preocupado com um novo "aumento de grandes dimensões em 2023". Por outro lado, o dirigente da associação Zero nota ainda que os dados se referem apenas aos registos da CELE, detalhe relevante para casos de empresas que também operam fora do espaço europeu, como a TAP.
"Não estão aqui as emissões que saltam fora do Comércio Europeu de Licenças de Emissão, ou seja, todos os voos para fora da Europa, que é um segmento extremamente importante para a TAP e que tem vindo a aumentar em termos de voos quase de forma exponencial.