A chuva forte e a queda de granizo nas últimas horas provocaram prejuízos avultados no concelho de Vila Nova de Foz Côa, confirmou à Renascença o presidente da autarquia, esta terça-feira.
João Paulo Sousa explica que a vinha é a cultura mais afetada e fala de uma "situação nunca vista".
"Praticamente dois terços do concelho foram afetados com chuvas extremamente fortes, com queda de granizo bastante intensa", elabora, garantindo que uma "quantidade enorme de hectares" de vinha foi danificada.
A situação está a deixar os agricultores do concelho "bastante desanimados", mas agora é tempo de contabilizar prejuízos.
"Neste momento estamos a fazer a avaliação e a dizer aos nossos agricultores que façam chegar junto das associações e do município todo esse processo", remata João Paulo Sousa.
Além dos prejuízos na agricultura e na produção de vinho várias estradas e arruamentos ficaram intransitáveis devido à chuva forte que caiu nas últimas horas. Nesta altura, as máquinas do município fazem a desobstrução das vias afetadas.
O Ministério da Agricultura e da Alimentação assegura, numa nota enviada à Lusa, que a direção-regional de agricultura do Norte está a fazer o levantamento dos estragos provocados pelas chuvas e granizo que ocorreram na região.
"Já temos equipas da DRAP Norte no terreno a fazer os primeiros levantamentos [dos estragos]", refere o ministério, que também refere estar a trabalhar em "estreita ligação com os autarcas".
Prejuízos "catastróficos"
O presidente da Adega Cooperativa de Freixo de Numão, em Foz Côa, disse hoje que os prejuízos causados na vinha, após a intempérie de segunda-feira, ao final da tarde, "são catastróficos" para o setor vinícola do concelho.
"Os estragos provocados pela chuva e queda de granizo foram muito contundentes, o que levou a uma situação catastrófica para os produtores porque se perspetivava uma boa colheita em termos de quantidade e qualidade das uvas", explicou à Lusa Ilídio Santos.
Esta cooperativa vitivinícola do distrito da Guarda representa meio milhar de produtores de vinho, proprietários de 1.250 hectares de vinha, onde os prejuízos são "bem visíveis".
"Se em outras situações os estragos provocados pelo mau tempo rondavam os 20 a 40% da produção, desta vez os danos vão muito além do normal, causando prejuízos ainda não contabilizados, porque ainda só foram apurados os estragos em cerca de metade da área das vinhas dos nossos associados", vincou o dirigente.
Ilídio Santos acrescentou ainda que a cultura da vinha é a principal fonte de rendimento deste território da sub-região do Douro Superior que está integrada na Região Demarcada do Douro (RDD).
"Estas intempéries, para além de destruírem as uvas e videiras, causam igualmente o desmoronamento dos patamares da vinha [socalcos] e muros de suporte que são difíceis de reparar", frisou o presidente da adega de Freixo de Numão.
Segundo Ilídio Santos, estas intempéries aconteciam intervaladas por alguns anos, mas agora são registadas várias vezes no mesmo ano, o que acarreta ainda mais prejuízos.
O dirigente refere ainda que ao nível da cooperativa que dirige são feitos seguros de colheita, apenas ao nível da uva, sendo esta uma medida financiada pela União Europeia.
[Notícia atualizada às 18h30]