16 jun, 2023 - 00:00 • Fátima Casanova
Afinal, as médias dos exames não foram afetadas pela pandemia de Covid-19, destaca o diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) face aos dados do ranking das escolas.
Rodrigo Queiroz e Melo sublinha, à Renascença, que através dos dados divulgados pelo Ministério da Educação é possível “comparar os resultados dos alunos no ensino secundário antes da pandemia e no último ano letivo e concluir que são até ligeiramente superiores, em média” -- um facto que leva este responsável a questionar “quais é que foram as perdas de aprendizagem durante a pandemia”.
Rodrigo Queiroz e Melo reconhece “que os alunos que fizeram exames em 2022 não são os mesmos que os fizeram em 2019, na medida em que em 2022 era só para acesso ao Ensino Superior e a própria estrutura dos exames variou um pouco, porque tinha algumas questões opcionais”.
“A ter havido perdas dramáticas de aprendizagens por causa da pandemia, seria de esperar que, pelo menos, se refletisse um pouco nos resultados dos exames do ensino secundário e não foi isso que se verificou.”
Rodrigo Queiroz e Melo sugere que estes dados deveriam fazer pensar se não é possível “fazer escola de forma bastante diferente, sem perdas de aprendizagem”, defendendo inclusivamente “uma reforma no ensino secundário que permita mais trabalho autónomo por parte dos alunos”.
O diretor executivo da AEEP diz que estes resultados parecem indicar “que os alunos não precisam de estar 28 horas por semana sentados na sala de aula a ouvir o professor a falar”, defendendo “que o ensino secundário pode ser estruturado de outra forma”.
O dirigente sugere que, para além de estar orientado para as competências cognitivas, deveria dar mais espaço a todo um outro conjunto de competências, nomeadamente nas áreas artística, das expressões e do desporto, de forma a que os alunos no ensino secundário “tenham um desenvolvimento integral”, o que para Rodrigo Queiroz e Melo não acontece atualmente.
Por isso, a AEEP pede ao Governo que “nos deixem trabalhar de outra forma”, nomeadamente ter a possibilidade de “considerar horas curriculares uma quantidade de trabalho autónomo”. E lamenta que um colégio não se possa organizar de outro modo, porque “a inspeção o que quer saber é quantas aulas é que foram dadas desta ou daquela disciplina”.
Sem surpresa, os colégios privados conquistaram os lugares cimeiros do ranking das escolas e por isso merecem os parabéns do ministro da Educação.
O desafio é lançado pelo diretor executivo da AEEP, que sublinha à Renascença que as médias alcançadas nos exames nacionais vêm confirmar as notas elevadas dadas pelos professores dos colégios. Rodrigo Queiroz e Melo afirma que as notas médias dos alunos no ensino secundário, “absolutamente incomparáveis com o resto do país, são exatamente nos estabelecimentos de ensino onde o Ministério da Educação anda a pôr em causa as notas internas”.
Para o responsável, se um aluno “tem uma média em exames nacionais de 16, é absolutamente normal que, em disciplinas anuais de nota interna, os alunos tenham todos resultados superiores”.
Por esse motivo, dá os “parabéns aos colégios que têm bons resultados", e destaca como “indevido e injusto” o que o ministro disse sobre a inflação de notas nos colégios -- que, na sua opinião, mereciam agora os “parabéns do ministro, tal como levaram reprimenda por terem boas notas internas”.