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Médicos admitem greve caso Governo não apresente "proposta concreta" sobre salários

18 jun, 2023 - 17:10 • Tomás Anjinho Chagas , Pedro Valente Lima com Lusa

Sindicato Independente dos Médicos quer "recuperar o poder de compra perdido nestes últimos 10 anos" e ter condições de trabalho "competitivas com o setor privado”. Presidente do sindicato, Roque da Cunha, recusa "fazer chantagem" com paralisações durante a JMJ.

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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) admitiu este domingo avançar para a greve caso o Governo não apresente, até ao final do mês de junho, uma “proposta concreta, séria e responsável” sobre a grelha salarial dos médicos.

Em declarações à Renascença, Jorge Roque da Cunha diz que a classe está à espera há demasiado tempo e que "não fizeram nenhuma greve durante o período negocial" - algo que pode estar prestes a mudar.

O presidente do Sindicato Independente dos Médicos diz, no entanto, que pretende evitar esse cenário de paralisação: "Tudo continuaremos a fazer para evitar medidas que são drásticas e que do nosso ponto de vista o Governo nos está a empurrar para elas. Esse cenário mais cinzento aproxima-se a cada dia que passa."

Segundo o SIM, no ano passado, foi assinado um protocolo entre o Governo e os sindicatos em que existia um compromisso de, até 30 de junho de 2023, se chegar a um acordo em relação a um conjunto de situações, nomeadamente recuperação do poder de compra dos médicos - ou seja, os salários.

Roque da Cunha frisou que o sindicato aguarda “com grande paciência e vontade de chegar a um acordo” com o Ministério da Saúde, porque “a greve é a última forma de protesto”.

“Esperemos que o Governo faça nestes últimos 15 dias aquilo que não fez nestes últimos 300” e apresente “uma proposta concreta, séria, responsável, para que se evite mais esta perturbação no Serviço Nacional de Saúde”, frisou, defendendo que “infelizmente a greve terá de ser uma das hipóteses muito seriamente colocadas em cima da mesa”.

"Não iremos utilizar a JMJ para fazer qualquer tipo de chantagem"

O SIM defende que a proposta do Governo deve, pelo menos, conseguir “recuperar o poder de compra perdido nestes últimos 10 anos e possa ser de alguma maneira comparativamente competitiva com o setor privado”, não só com salários, mas também com condições de trabalho e investimentos em equipamentos e instalações.

No entanto, Roque da Cunha garante que eventuais greves não acontecerão durante a Jornada Mundial da Juventude, recusando "fazer qualquer tipo de chantagem" durante um "evento de grande importância para o nosso país e até para o mundo". "Está completamente fora de questão que façamos qualquer pré-aviso de greve nessa altura."

O outro sindicato do setor, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), anunciou, no início do mês, uma nova greve para 5 e 6 de julho, alegando que o Governo continua sem apresentar uma proposta de aumentos salariais a menos de um mês do fim das negociações.

[Notícia atualizada às 18h07 de 18 de junho de 2023]

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