18 jun, 2023 - 08:30 • Henrique Cunha
A presidente da Humanitas - Federação Portuguesa para a Deficiência Mental -, Helena Albuquerque, alerta para o risco de sustentabilidade do sector e exige "um aumento significativo" dos acordos de cooperação para fazer face "aos aumentos salariais aprovados para este ano".
"Há instituições à beira da rutura financeira", adverte, em entrevista à Renascença, a responsável desta organização que apoia cerca de 40 instituições de todo o país, com cerca de 12 mil utentes.
"Há instituições com grandes problemas financeiros e com dividas muito grandes a saldar", reforça, apontando que a crise começou com a pandemia e "tem vindo a avolumar-se".
Neste quadro de dificuldades, estão a ser despedidas "pessoas que não estejam a contrato", algo que tem o efeito de fazer "diminuir significativamente a qualidade do serviço".
A presidente da Humanitas sublinha que as instituições “não podem fechar” porque “vivem sempre para as pessoas e para a população vulnerável”.
“Não podemos prescindir de certos serviços e, portanto, o que estamos a fazer é a fazer empréstimos e empurrar um pouco a crise para a frente", diz Helena Albuquerque, pedindo, por isso, o aumento dos valores definidos nos acordos de cooperação.
"A culpa dos salários dos trabalhadores sociais estarem tão baixos é do Estado que não subsidia as instituições de forma que estas possam pagar dignamente aos seus colaboradores", argumenta.
“As instituições não podem viver de apoios esporádicos porque vivem com o pensamento a médio longo prazo”, reforça a presidente da Humanitas.
“A partir de janeiro de 2023, o Estado tem de reforçar os acordos de cooperação desde essa altura, o momento em que tivemos os grandes aumentos dos nossos colaboradores”, insiste.
"De facto, estamos com grandes dificuldades financeiras e todas nós estamos com dívidas muito grandes”, remata.