09 jun, 2023 - 00:39 • Maria Costa Lopes
A Inspeção-geral das Atividades em Saúde encontrou indícios de crime no caso da mulher grávida que faleceu depois de ter sido transportada do Hospital Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, em agosto do ano passado.
A notícia foi avançada esta quinta-feira à noite pela TVI, com base no relatório que o Ministério recebeu na passada terça-feira.
De acordo com o relatório a Inspeção-geral da Saúde culpa o Hospital Santa Maria do incidente.
"O Hospital Santa Maria não assegurou a adequada assistência, durante a permanência e posterior transferência para o Hospital São Francisco Xavier, da utente 34 anos, grávida de 30 semanas", pode ler-se no documento partilhado pela estação televisiva.
O caso acabou por ser o detonador para que a ex-ministra da Saúde, Marta Temido, tenha pedido a demissão e saído do Governo.
A perita médica que reconstruiu os factos não encontrou falhas na atuação dos profissionais de Saúde de São Francisco Xavier, que fizeram uma cesariana urgente e conseguiram salvar bebé.
Já a mãe, de nacionalidade indiana, acabou por falecer alguns dias depois depois de sofrer uma paragem cardiorrespiratória.
A mulher, grávida de 31 semanas, deslocou-se ao Santa Maria por sensação de falta de ar, taquicardia e cefaleia, tendo sido internada no bloco de partos.
A equipa médica decidiu transferi-la para o Hospital São Francisco Xavier, por entender ser o mais benéfico para o bebé nascer no local onde poderia ser assistido, o que não seria possível no Santa Maria por falta de vagas de neonatologia.
Quando foi transferida, a grávida "estava estabilizada" e "nada fazia prever" que entrasse em paragem cardíaca, assegurou o hospital na altura.
A grávida foi atendida por uma "equipa obstétrica completa", tendo sido transferida por ausência de vagas de neonatologia no Hospital de Santa Maria, uma situação "recorrente", esclareceu na altura a unidade hospitalar.
Segundo a TVI, que avançou a notícia, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde aponta três erros fatais à equipa médica, que na altura o hospital garantiu que estava completa.
Em primeiro lugar, o diagnóstico foi bem feito, mas o hospital terá falhado ao não ter provocado de imediato o parto; o segundo erro foi ter optado por enviar a grávida de ambulância para um outro hospital; e o terceiro não ter decidido regressar para o Hospital Santa Maria, assim que se percebeu a gravidade do quadro clínico.
"Atenta a factualidade ocorrida logo após 30 segundos do início do transporte e a gravidade do quadro clínico, deveria a equipa ter regressado ao hospital de origem, o que não fez", refere o relatório, citado pela estação televisiva.