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Desinformação em Portugal. Maioria das notícias falsas pretendem “descredibilizar decisões políticas”

20 jun, 2023 - 15:41 • Fábio Monteiro

Estudo do Observatório Ibérico de Media Digitais e da Desinformação (IBERIFIER), apresentado esta quarta-feira, indica que foi “detetada pouca pegada de desinformação da parte do governo e da oposição durante a comunicação realizada nas campanhas eleitorais”.

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A sabedoria popular diz que a mentira tem perna curta. No entanto, na era internet, a mentira parece ter a passada de um fundista. E a audiência de um estádio olímpico.

Em 2020, só no espaço de quatro meses, foram detetadas 68.576 publicações no Facebook, em Portugal, em que a origem da Covid-19 aparecia correlacionada com a rede 5G. Mais: na mesma rede social, um grupo criado sobre a Covid-19 reuniu, em três dias, 624 mil membros.

“Foi dentro desses grupos criados na altura da pandemia que se divulgou desinformação. E a análise da partilha demonstra que esta se concretiza sem reflexão, verificação e sem atender às consequências”, indica um estudo do Observatório Ibérico de Media Digitais e da Desinformação (IBERIFIER), apresentado esta quarta-feira, no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), a que a Renascença teve acesso.

Como em outras nações, o estudo sublinha que há campanhas de desinformação em solo nacional. Estas “replicam modelos estrangeiros” e têm como principais objetivos “descredibilizar as decisões políticas e desestabilizar socialmente”.

Durante o período de análise do estudo, os temas mais recorrentes das campanhas de desinformação foram o 5G, a Covid-19, a guerra na Ucrânia e a ação governativa.

Os investigadores detetaram “pouca pegada de desinformação da parte do governo e da oposição durante a comunicação realizada nas campanhas eleitorais”. E dizem até que Portugal apresenta “características sociodemográficas, económicas e políticas que o tornam menos exposto a estratégias de desestabilização”.

Ainda assim, fazem referência a um aumento “de agressividade na linguagem pública dos novos partidos de extrema-direita (o Chega), com efeitos propagandísticos e de radicalização nos media e redes sociais”.

De todos os partidos com representação parlamentar, o Chega é o partido com maior “engajamento”, medido através dos “gostos”, “partilhas” e “comentários”, divididos pelo número de seguidores.

“Tendo em conta o número de seguidores, a presença dos partidos nas redes sociais, nomeadamente no Facebook, não coincide com a representação parlamentar. Os partidos menores e mais radicalizados lideram na atividade e partilha de publicações.”

Em 2022, o ranking do engajamento tinha a seguinte ordem: Chega, Iniciativa Liberal, PSD, PCP, PAN, BE, Ergue-te, PS, CDS, ADN, PEV, LIVRE, Volt Portugal, Nós Cidadãos, Aliança.

Na área política, sem surpresa, a corrupção foi “o tema que motivou mais campanhas de manipulação informativa em Portugal, o que denota diferença em relação a outros países, nos quais a imigração é o tema mais relevante”, nota ainda o mesmo estudo.

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