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CGTP: Governo tem de deixar de ser "o menino obediente" da UE

28 jun, 2023 - 20:38 • Lusa

"O aumento dos salários não fez nenhuma espiral inflacionista", diz líder da CGTP em resposta ao Banco Central Europeu.

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A secretária-geral da CGTP considerou, esta quarta-feira, "um embuste" a ideia de que aumentar salários gera uma espiral inflacionista, como aponta o BCE, e defendeu que o Governo tem de deixar de ser "o menino obediente" da União Europeia.

A líder da intersindical, Isabel Camarinha, falava aos jornalistas em Lisboa, em frente à Assembleia da República, no final de uma manifestação onde participaram largas centenas de trabalhadores e pensionistas de vários setores a exigir aumentos salariais face à subida do custo de vida.

Questionada sobre as declarações proferidas, em Sintra, pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, de que o aumento dos salários está a gerar a subida da inflação, Isabel Camarinha afirmou que "isso é um embuste".

"O aumento dos salários não fez nenhuma espiral inflacionista. A própria Christine Lagarde disse há pouco tempo que dois terços do aumento dos preços foram porque as margens de lucro também aumentaram, portanto não são os salários que fazem aumentar a espiral inflacionista", defendeu a líder sindical.

Para Isabel Camarinha, "a questão não é essa", mas sim que "os trabalhadores, os reformados e pensionistas, as suas famílias, a população em geral não pode continuar a empobrecer a trabalhar" e para isso é preciso "o aumento geral e significativo dos salários e das pensões".

"O nosso Governo não pode continuar a ser o menino obediente da União Europeia e do que de lá é comandado porque isso tem levado a esta situação de cada vez maior degradação de vida e do trabalho", acrescentou a secretária-geral da CGTP.

Já antes, enquanto Camarinha discursava em cima do palanque, perante as centenas de manifestantes, o nome de Christine Largade tinha arrancado assobios da assistência, que agitava as bandeiras sindicais sem arredar pé, mesmo perante o forte calor que se fazia sentir em Lisboa.

A líder da CGTP saudou ainda os "muitos milhares de trabalhadores em todo o país" que participaram na ação nacional de luta por aumentos dos salários e contra a subida do custo de vida, que incluiu greves, manifestações, concentrações e plenários no setor público e privado.

Na abertura do Fórum do Banco Central Europeu, na terça-feira, em Sintra, Christine Lagarde destacou que o processo inflacionista se tornou mais persistente, já que apesar de algumas pressões na inflação -- como a diminuição dos custos de produção - terem começado a desvanecer-se, outras ganharam peso.

Segundo Lagarde, a segunda fase do processo inflacionista está "a começar agora a tornar-se mais forte": o impacto do aumento dos salários.

"Os trabalhadores ficaram, até à data, a perder com o choque inflacionista, tendo sofrido grandes decréscimos dos salários reais, o que está a desencadear um processo sustentado de convergência em alta dos salários, com os trabalhadores a tentar recuperar perdas", assinalou.

Lagarde advertiu que esta convergência está a repercutir-se na inflação subjacente, que capta mais pressões internas sobre os preços.

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  • Anastácio José Marti
    29 jun, 2023 Lisboa 08:19
    Se o Governo tem de deixar de ser o menino obediente da UE, como qualificarão os trabalhadores portugueses as inércias, inoperâncias, passividades, conivências e cumplicidades da CGTP, para com a manutenção, há uma década, desde a saída da Troika, da imoralidade que em pleno século XXI se mantém, que consiste no facto de o Governo, imoralmente, há pelo menos dez anos, que continua a ficar com um terço dos Subsídios de Férias e de Natal aos trabalhadores portugueses, porque ainda não quis parar de descontar sobre os mesmos, como o fazia antes da vinda da Troika, de descontos como a CGA, ADSE, IRS, etc. Não estará a ser a CGTP a menina obediente do Governo ao continuar inerte e inoperante, sem exigir do Governo a correção desta imoralidade? São estas as formas, sérias, competentes ou responsáveis de defender alguma vez os direitos de quem trabalha?

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