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Muçulmanos pedem que autarquia cumpra palavra e construa mesquita na Mouraria

28 jun, 2023 - 11:27 • João Cunha

Dez mil muçulmanos, a maioria do Bangladesh, juntaram-se esta manhã no Martim Moniz, em Lisboa, para celebrar o Hajj, a peregrinação anual a Meca. Ali bem próximo já devia existir a prometida mesquita protocolada com a autarquia de Lisboa há dez anos.

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Grandes rolos de papel, com um metro de largura, foram desenrolados em toda a extensão da praça do Martim Moniz, logo às primeiras horas da manhã. Pouco depois, começaram a chegar os fiéis, vestidos a rigor e de tapete de oração debaixo do braço, que colocaram por cima da extensa folha de papel colocada no chão. Tudo para assinalar o hajj, a peregrinação anual à cidade santa de Meca, que é considerada o último dos cinco pilares do Islamismo, e que cada muçulmano deve fazer, pelo menos uma vez na vida. Mesmo à distância, a peregrinação - que começou segunda-feira e se estende até ao próximo sábado - é assinalada, como neste caso, pela comunidade do Bangladesh.

Allahu Akbar. Allahu Akbar. Alá é Grande, dizem em uníssono, perto do fim da oração, os mais de dez mil muçulmanos que ali se concentraram. A cerimónia acaba e Rana Taslim Udin, presidente do Centro Islâmico do Bangladesh, distribui abraços a quem a ele se dirige, pelo meio de centenas de pares de sapatos colocados ao lado dos tapetes de oração.

Rana aproveita a oportunidade para lembrar que a comunidade espera há anos por uma promessa da autarquia, de construir uma mesquita na Mouraria. Em concreto, na Rua da Palma.

"Não se esqueceram", acredita Rana, só que "há muitas polémicas na política. Falamos há muitos anos sobre isto, mas cada vez que muda um dirigente ou que pessoas, ateus, dizem que não querem aqui qualquer mesquita ou templo", o processo encrava.

"Só que neste momento, precisamos dela. E este é o tempo para construir uma nova mesquita".

Só naquela zona da cidade vivem mais ou menos 15 mil muçulmanos, não só do Bangladesh, mas de outros países do Médio Oriente, de África ou da Ásia.

Muçulmanos a celebrar o Hajj, no Martim Moniz. Foto:João Cunha/RR
Muçulmanos a celebrar o Hajj, no Martim Moniz. Foto:João Cunha/RR
Limpeza da praça onde muçulmanos celebraram o Hajj, no Martim Moniz. Foto:João Cunha/RR
Limpeza da praça onde muçulmanos celebraram o Hajj, no Martim Moniz. Foto:João Cunha/RR
Muçulmanos celebram o Hajj, no Martim Moniz. Foto:João Cunha/RR
Muçulmanos celebram o Hajj, no Martim Moniz. Foto:João Cunha/RR

O projeto de construção de uma nova mesquita, na zona do Martim Moniz, foi anunciado há mais de uma década por António Costa, então presidente da Câmara. Mas tem esbarrado no processo de expropriação de dois edificios. O proprietário continua a ocupá-los, enquanto aguarda que os tribunais decidam um litígio sobre os valores popostos pela autarquia, que tomou posse administrativa desse edificado.

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, diz que "falta decisão politica por parte do Sr Presidente da Camara Municipal. Falta meter mão á obra, depois de uma tentativa de recuo em relação ao projecto".

Para o autarca, a Câmara de Lisboa deve desenvolver as tramitações para que a obra possa começar o mais rapidamente possivel.

"A palavra dada é para ser cumprida. E a cidade é de todos, também deles. Tal como temos uma comunidade na diáspora, que queremos que seja respeitada e bem tratada, naturalmente temos esse dever para quem está aqui.

Isto vem de trás. Foi decidido por unanimidade e é para cumprir. Vemos cada vez mais cidadãos asiáticos na hotelaria, agricultura, higiene urbana. Há que ter isso em conta e respeitá-los", diz Miguel Coelho.

Quanto aos criticos da comunidade bengali, que tem crescido nos últimos anos, o Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior é peremptório.

"Não há registo desde que sou presidente, há quase dez anos, de conflitos entre esta comunidade e a comunidade nacional. São uma comunidade resiliente, trabalhadora e pacifica, que se integra nas nossas atividades. Muito poucos sabem, mas a comunidade do Bangladesh faz-se representar na procissão católica da Senhora da Saúde".

Comentários
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  • Antonio Moura
    13 fev, 2024 Ribeira Grande 17:15
    Nao temos nada que facilitar,muito menos financiar qualquer templo islamico no Portugal que nasceu da Reconquista Crista. O que se passa em muitos paises muculmanos a proposito dos cristaos?? Sao perseguidos, violentados, proibidas as igrejas e nalguns casos absolutamente proibidos. Mas Portugal tem governantes, sobretudo juizes completamente idiotas e palha,cos.
  • Gabriel Gomes
    27 jan, 2024 Porto 13:13
    Por essas e por outras o Chega vai crescer e bem. ACosta tinha e tem uma agenda escondida q é de se vingar da história, vingar-se de Portugal e dos portugueses colonizadores com a promoção da invasão de Portugal pelos Palops e muçulmanos q nada têm em comum com Portugal. É necessário sim pôr um fim à islamização de Portugal e da Europa. Não podemos estar a defender princípios e valores e até consagrá-los na Constituição como é o caso da igualdade entre homens e mulheres e depois estar a escancarar as portas e querer abraçar culturas q consideram a mulher um ser inferior ao homem, q acham q a mulher deve ter as suas liberdades individuais limitadas face às liberdades individuais dos homens e q à mulher deve estar reservado um papel menor na sociedade face ao reservado aos homens. Só por propósitos obscuros vingativos, estupidez e imbecilidade.
  • Antonio Barroso
    15 jul, 2023 Lisboa 11:40
    O dr Miguel Coelho conhece o processo da Nova Praça da Mouraria desde o inicio pois como vereador votou em Assembleia Municipal e votou na Câmara Municipal de Lisboa quando o chamei a visitar os meus prédios que a Câmara Municipal de Lisboa dizia que estavam devoluto e em mau estado,depois da visita disse-me que eu aperta-se com a Câmara que eu ganhava porque a Câmara estava a mentir,quando foi indicado como minha testemunha
  • Antonio Barroso
    05 jul, 2023 lisboa 16:50
    A mesquita de Medina. Luís Menezes Leitão, 26.05.16 Nada tenho contra a construção de mesquitas em Lisboa. Há uma mesquita que funciona ao pé do meu escritório e tem sido absolutamente exemplar em termos de convivência pacífica com os moradores da zona. Por isso até acho muito bem que se construa uma nova mesquita na Mouraria, um lugar com grandes raízes de presença muçulmana. O que já não acho nada bem é que o Presidente da Câmara queira construir a mesquita em questão à custa dos impostos e taxas que sistematicamente anda a extorquir aos lisboetas. Num Estado laico não há qualquer razão para que os dinheiros públicos financiem a construção de templos, seja qual for a religião que neles seja praticada. E considero especialmente grave que um proprietário esteja a ser expropriado dos seus bens, devido a esta intenção do Presidente da Câmara, Fernando Medina, que pelos vistos quer lançar uma nova Mesquita de Medina, agora em Lisboa. Qual é o interesse público que pode estar subjacente a esta expropriação? E dizem que isto foi aprovado por todos os partidos na Câmara? Será que em Portugal os cidadãos não têm um único partido que os defenda?

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