30 jun, 2023 - 12:21 • Lusa
O Movimento de Defesa do Hospital de São Paulo, em Serpa (Beja), atribuiu esta sexta-feira a morte de um utente esta madrugada ao encerramento do serviço de urgência da unidade durante a noite.
Contactada pela Lusa, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), Maria Isabel Estevens, explicou que esteve um médico de serviço na unidade hospitalar “até às 00h00” e que entre as 00h00 e as 08h00 não havia serviço de urgência em funcionamento, uma vez que a instituição “não consegue dar resposta” 24 horas por dia.
Ainda segundo a provedora da SCMS, a morte do utente aconteceu às 06h00, sendo que das 00h00 às 08h00 existe um administrativo “em função para que, se existir alguma situação de recurso ao hospital, esse administrativo possa acionar todos os mecanismos e meios de apoio, o que aconteceu”.
Em comunicado, o Movimento de Defesa do Hospital de São Paulo refere que “esta madrugada uma pessoa em estado grave necessitou de cuidados médicos de urgência” e dirigiu-se àquela unidade.
“Contudo, ao chegar o hospital estava encerrado, a pessoa ficou sem assistência e acabou por falecer”, lê-se na nota.
Segundo o movimento, o acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde e a Santa Casa da Misericórdia de Serpa, que gere o hospital, refere que a instituição deverá servir a população com um “serviço de urgência avançado 24 horas por dia”.
O Movimento de Defesa do Hospital de São Paulo indica ainda que durante o dia de hoje o serviço de urgência “só abre das 18h00 às 24h00”.
“Está mais do que na altura do Governo encarar este problema e reverter a gestão do hospital para o Serviço Nacional de Saúde. Recordamos que enquanto o hospital esteve no SNS (até 2015) o serviço de urgência não esteve fechado uma única hora”, recorda.
Em declarações à Lusa, a provedora reconheceu que a instituição vive com “dificuldades” relativamente à gestão do serviço de urgência, desde os “últimos anos”.
De acordo com Maria Isabel Estevens, as dificuldades estão relacionados com a disponibilidade dos profissionais de saúde, nomeadamente médicos, e com as dificuldades financeiras com que a Santa Casa da Misericórdia de Serpa se depara, situação que “determina a não disponibilidade dos médicos”.
Maria Isabel Estevens garantiu, porém, que a santa casa tem feito “um esforço” para “inverter” a situação, já que “deixou de ser possível há algum tempo” assegurar um serviço de saúde que funcionasse 24 horas por dia.
De qualquer forma, sublinhou, a instituição “tem feito de tudo” para assegurar um serviço de urgência 16 horas por dia.